por Jamil Chade | Estadão Conteúdo*Foto: Reprodução / The Independent
O delator do escândalo de corrupção na Fifa, Chuck Blazer, foi o informante do FBI durante o auge da preparação do Brasil para a Copa do Mundo de 2014 e repassou para a Justiça norte-americana detalhes de como o Mundial estava sendo preparado e seus contratos, inclusive dando detalhes sobre alguns dos principais atores do processo. O americano, que fechou um acordo com a Justiça do seu país para gravar e informar o que ocorria dentro da Fifa, era membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo e, em 2012 e 2013, revelou à reportagem detalhes dos encontros que se referiam às escolhas de sedes do Mundial, desafios enfrentados pelos brasileiros e os embates entre a Fifa e CBF. Epicentro do escândalo de corrupção que abalou o futebol, Blazer aceitou colaborar com a Justiça ainda em dezembro de 2011 na esperança de ver sua pena reduzida. Até maio de 2013, quando seria expulso da Fifa, o americano repassou informações para o FBI. No total, ele pode ter gravado potencialmente 18 reuniões do Comitê Executivo da Fifa, uma espécie de governo do futebol e que se reúne em Zurique em uma sala onde os sinais de celulares são bloqueados para evitar que informações sejam vazadas. Blazer tinha, porém, um gravador introduzido em seu molho de chaves, que era sempre colocado sobre as mesas de reunião. Oficialmente, o documento não especifica quais informações Blazer coletou. Mas a reportagem foi informada que ela incluiu o esquema de corrupção nas Copas de 1998 e 2010, propinas pagas em dezenas de acordos comerciais e contratos de transmissão e de marketing para torneios oficiais. As escutas começariam no final de 2011 e acabariam se concentrando principalmente na gestão de José Maria Marin e Marco Polo Del Nero no comando da CBF. Entre 2012 e 2013, a preparação para a Copa viveria seus momentos mais tensos, com a definição do calendário e um embate sobre uma série de pontos: preços de ingressos, autorização para venda de bebidas, indefinições sobre a conclusão de estádios e a explosão de acordos comerciais. Em diversas ocasiões, ele antecipou informações sobre o que a Fifa pretendia fazer com o Maracanã e outras sedes. Durante um encontro da Fifa em Budapeste, o americano ainda revelou à reportagem que havia oferecido um contrato a Ricardo Teixeira para que pudesse prestar consultoria na área de segurança para a Copa do Mundo.
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