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domingo, 7 de junho de 2015

AGRICULTURA SUBSTITUI A INDÚSTRIA NO PIB

No século XX, o Brasil fez um esforço enorme para deixar de ser baseado no modelo primário exportador, que fora durante 450 anos, para transformar-se com base no modelo industrial. O primeiro sempre foi muito sensível ao comércio internacional e a ideia do segundo é de que gera maior valor agregado, internalizando mais o progresso. Dessa forma, a indústria saiu da casa de 10% do PIB nos anos de 1950, chegando a 25% do PIB em 1985. Porém, o perfil da agricultura se modificou, deixando também a partir dos anos de 1950, de exportar produtos de monoculturas para exportar uma gama maior de bens, chamados atualmente de agronegócios. A partir de 1985, a indústria começou a recuar, chegando em 2008, a 18% do PIB, estando agora em 10% do PIB, a mesma participação dos anos de 1950. Por seu turno, a agricultura sempre bipartida, na pequena produção rural, que estagnou por volta de 10%, mais o agronegócio, que saiu de 10% para hoje ostentar atuais 23% do PIB. No conjunto, atualmente setor agropecuário está com 33%; setor industrial com 10%; setor de serviços com 57% do PIB.

Dessa forma, os sinais são de que a agropecuária irá puxar mais ainda a economia. No primeiro trimestre, embora o PIB tenha recuado – 0,2%, não se retraiu mais porque a agropecuária cresceu 4,7%. A safra que está sendo colhida ultrapassará 200 bilhões de grãos. Há vários anos, as safras vêm obtendo recorde sobre recorde. Ainda anteontem o Ministério da Agricultura anunciou o Plano Safra 2015-2016, cujo financiamento dela crescerá 20%. Os produtores disporão de R$187,7 bilhões, perante R$156,1 bilhões da safra atual. A ênfase é no financiamento de custeio e comercialização e queda nos reajustes dos financiamentos paraINVESTIMENTOS. As taxas de juros não irão superar 8,75% para custeio e comercialização, as mais altas. Conforme se percebe, os juros, comparados com inflação em torno de 8,4%, estão relativamente baixos.

O setor industrial irá continuar recuando. Pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, perante o pacote de adoção de alíquotas mais altas de contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento, proposto pelo governo ao Congresso, caso adotado, ocasionará demissões em 52% das pequenas empresas, 57% das médias e 54% das grandes. No ano, a produção industrial acumula queda de 6,3% até abril. A venda de veículos já se reduziu em 23% neste exercício. Em vista do exposto, a recessão atinge com mais força o setor industrial, em seguida o setor de serviços, mas cresce de vento em popa o agropecuário.  por Paulo Brito

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