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sábado, 13 de dezembro de 2014

Criminosos mantinham "hospital do tráfico" em favela do Rio

HUDSON CORRÊA
UPP no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro (Foto: Severino Silva/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)

Traficantes passaram a adotar táticas de guerrilha para enfrentar a polícia militar nas favelas pacificadas do Rio de Janeiro. Os criminosos também recrutam adolescentes, até de 15 anos, para chefiar a venda de drogas, como revela a edição desta semana de ÉPOCA. São novas estratégias do tráfico contra a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora nos morros cariocas. Antes das UPPs, moradores estavam habituados a encontrar traficantes armados com fuzis e pistolas caminhando despreocupadamente pelas ruas das favelas. Depois da pacificação, eles continuam armados, mas de forma menos ostensiva. Escondem-se em vielas e, aproveitando-se do fato de conhecer melhor a geografia daqueles locais, preparam emboscadas contra os policiais. Investigadores da Polícia Civil descobriram até um "hospital do tráfico", montado por bandidos, para receber feridos nos confrontos. O posto de atendimento médico ficava em um barraco numa rua sem saída da favela de Nova Brasília, localizada no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio.

Logo após as ocupações da polícia, os bandidos se refugiaram em comunidades sem policiamento, onde preparam e embalam a cocaína, a maconha e o crack que serão vendidos em bocas de fumo espalhadas nas grandes favelas da cidade. A venda pulverizada não evitou um aumento de 260% nas apreensões de drogas, feitas em áreas de UPPs, nos últimos anos. Para compensar o prejuízo, os traficantes começaram a agir como as milícias, cobrando de moradores taxas pelo fornecimento de botijões de gás, de galões de água mineral e acesso a TV a cabo clandestina, a chamada “gatonet”.

Entre abril e setembro deste ano, a Polícia Civil prendeu mais de 60 pessoas sob acusação de envolvimento com o tráfico e com a morte de policiais de UPPs, só neste ano ocorreram oito assassinatos. Um dos presos foi Bruno Eduardo da Silva Procópio, de 34 anos, conhecido como Piná, que agia na favela do Parque do Proletário, também localizada no Alemão. Segundo a polícia, Piná recebia ordens dos chefes da facção Comando Vermelho detidos em presídios federais de segurança máxima para atacar UPPs. Ele foi transferido em junho para a penitenciária federal de Porto Velho, em Rondônia.

Preso, um dos membros da quadrilha de Piná resolveu delatar os comparsas e relatou como e por que o tráfico ataca. Lindemberg Matias da Silva, de 22 anos, conhecido como Anão, disse que os policiais do Parque Proletário aumentaram a repressão ao tráfico, o que levou um grupo de bandidos a decidir usar seus fuzis para atingir a sede da UPP. No ataque, a soldado Alda Rafael Castilho morreu com um tiro na barriga. Três meses antes, em novembro de 2013, o também soldado Melquizedeque dos Santos Basílio fora morto com tiros nas costas enquanto fazia patrulhamento no Parque Proletário. Lindemberg afirmou que o crime foi encomendado por Piná, chefe do tráfico, e executado por homens em dois carros. http://epoca.globo.com

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