A jornalista da Folha narra neste artigo um episódio do qual participou e que resultou na sua descrença em relação aos anunciados serviços públicos de proteção à mulher agredida. Leia tudo:
De repente, a cabeleireira exclamou: "Olha lá, ele está batendo nela de novo!". A secretária do salão veio correndo para ver, a cliente espichou o olho. As três, meio incrédulas, meio rindo, passaram a acompanhar as cenas na quitinete do outro lado da rua. "Ih! Deu outro tapa!"; "Agora ela caiu".
Em vez de olhar a janela, eu olhava para as três, espantada. Quem vai chamar a polícia? E a cabeleireira: "Eu? Eu, não. Ele vive dando tapas nela, não vou me meter nisso, não".
Alguém de fora chamou a polícia. Dois agentes rondaram o local, depois subiram, ficaram alguns minutos, menos de dez talvez, e se foram.
Uma amiga e eu tentamos ligar para o 180. Depois da gravação avisando que era a Central de Atendimento à Mulher da Secretaria da Mulher da Presidência da República, ufa!, uma mocinha atendeu. Ela queria, além dos meus dados, o nome do agressor, o nome da agredida, o endereço detalhado... E eu sei?
Desistimos do 180 e fomos à internet buscar a delegacia da mulher aqui de Brasília. Achamos dois números e ligamos. Uma gravação informava que "esse número não existe". Nenhum dos dois.
Derrotada, pensei: quando o marido matar aquela pobre moça, a polícia vai lá recolher o corpo. CLIQUE AQUI para ler mais.
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