Biólogos brasileiros e americanos estão fazendo testes para encontrar uma droga para combater, ou pelo menos reduzir os sintomas do autismo.
E o trabalho é feito com base no dente de leite da criança autista.
É o projeto A Fada do Dente.
Ele pretende estudar e compreender os mecanismos biológicos que existem por trás do autismo infantil, para detectar, entender e tratar o distúrbio, que atinge milhares de crianças brasileiras logo nos primeiros anos de vida.
O autismo, ou Transtorno do Espectro Autista (TEA),tem como sintomas a dificuldade de interação social, dificuldade de comunicação e comportamentos repetitivos.
Como o diagnóstico depende basicamente da observação dessas manifestações, ele acaba sendo feito, em geral, apenas por volta dos dois ou três anos de idade.
O projeto
Desenvolvido pela bióloga Patrícia Beltrão Braga e sua equipe da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o professor Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, o Projeto A Fada do Dente arrecada dentes de leite de crianças com autismo por todo o Brasil.
Da polpa ou recheio desses dentes são extraídas células que, graças à evolução da ciência, podem ser transformadas em células-tronco semelhante às embrionárias e posteriormente diferenciadas em neurônios.
"É como se fosse uma volta no túnel de tempo. Por não serem tão maduras, temos meio caminho andado para retorná-las ao modo embrionário e, a partir daí, transformá-las no que quisermos, neste caso, em células do cérebro para entender melhor a doença", diz a coordenadora.
O estudo das características desses neurônios permite identificar por comparação as diferenças estruturais entre as células de uma criança autista com as células de uma criança sem o distúrbio.
Como esses neurônios são produzidos em placas de plástico, além de entender seu funcionamento - passo fundamental na busca pela cura ou pelo melhor tratamento possível - o Projeto A Fada do Dente também consegue testar remédios capazes de reverter as alterações encontradas nas células, para sua recuperação.
A cura
Segundo Patrícia o projeto Fada do Dente ainda está em fase de teste de medicação, mas isso não quer dizer que a cura seja apenas um sonho.
"A cura, ou pelo menos um tratamento para o autismo, está um pouco longe, mas não tanto assim. Do jeito que estamos trabalhando dá para dizer que daqui uns cinco anos já teremos algumas drogas candidatas ao combate dessa síndrome ou pelo menos a melhorar os sintomas. Esse é o projeto da minha vida e estamos trabalhando vinte e quatro horas para isso", finaliza a bióloga.
Como participar
No site da Fada do Dente - www.projetoafadadodente.com.br - é possível encontrar todas as informações sobre o projeto e como fazer a coleta em casa.
Basta se inscrever e preencher uma ficha clínica dizendo inclusive quem diagnosticou a doença na criança, pois o projeto, ao contrário do que muitos pensam, não diagnostica a doença.
A partir daí, por email, os especialistas fazem um acompanhamento desde o amolecer do dente, até a montagem do kit caseiro para que o dente seja enviado por correio ao projeto. Com informações do Terra e Projeto A Fada do Dente
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