O PT e outros partidos de esquerda organizaram nesta terça-feira,04, no Congresso um ato para pedir a aprovação célere da reforma política, um dia antes de a comissão especial criada para analisar o tema na Câmara votar o relatório de Henrique Fontana (PT-RS). Mas a manifestação acabou esvaziada, num sinal do pessimismo quanto ao avanço da proposta.
Antes confirmado no evento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que estava cansado e que a primeira-dama, Marisa Letícia, não autorizara a viagem. Os quatro governadores aguardados acharam outros compromissos mais importantes. O presidente do PMDB, Valdir Raupp, só chegou no final do ato - e não se comprometeu a apoiar o relatório de Fontana.
A manifestação foi protagonizada por PT, PSB, PC do B, PV, PDT e PSOL. Os partidos reunidos têm razoável consenso sobre o relatório de Fontana. Mas, juntos, não possuem votos para garantir aprovação da reforma política. Nessa equação, o PMDB é uma figura fundamental. Por isso, Henrique Fontana se encontrou nesta terça-feira com o presidente da República em exercício, Michel Temer, cacique peemedebista. Mas não houve avanços na discussão.
O PSDB, dono da maior bancada da Câmara, fechou questão contra o financiamento público e a favor do voto distrital puro. Com isso, o partido não deve dar votos favoráveis à proposta de Henrique Fontana. DEM e o recém-criado PSD também discordam de pontos-chave do relatório.
A força - O PT, orientado por Lula, adotou o discurso de que é preciso aprovar a proposta na comissão o quanto antes, mesmo que sem consenso, e continuar o debate em plenário. É uma tentativa de, sem acordo, garantir a aprovação forçada do texto de Fontana. Por isso o partido organizou o ato desta terça-feira.
No encontro, que também teve a participação de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o relator Henrique Fontana optou pelo discurso de polarização: "Nós estamos tentando encontrar um ponto médio que reúna a maioria dos setores progressistas para superar a turma do contra, a turma que não quer reforma, que acha que o sistema político atual está bom porque tem poder nesse modelo". O alvo explícito do petista era o PSDB. Mas o discurso inflamado também funciona para pressionar os peemedebistas.
Os maiores impasses dizem respeito ao financiamento de campanha e ao modelo de eleição de deputados e vereadores. PT e PMDB chegaram a costurar um acordo, mas há, dos dois lados, poucos parlamentares dispostos a defendê-lo. Na Câmara, o clima é de pessimisto. Se a proposta passar pela comissão temática, ainda precisa do aval da Comissão de Constituição e Justiça. Só então, se sobreviver, chega a plenário.De http://veja.abril.com.br/
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