Mais de 50% dos atestados médicos de professores na rede estadual de ensino em Maringá e região são decorrentes de depressão. De janeiro ao fim de setembro, o total de afastamentos aumentou cerca de 40% em relação ao mesmo período de 2010. A informação é do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Maringá.
Nesse Dia dos Professores, o anúncio só confirma o fim da época de ouro da atividade, em que mestres eram vistos com respeito. Agora, quem se dedica à profissão lida com outra realidade: salários baixos, falta de estrutura, indisciplina, ofensas e ameaças constantes.
Nesse Dia dos Professores, o anúncio só confirma o fim da época de ouro da atividade, em que mestres eram vistos com respeito. Agora, quem se dedica à profissão lida com outra realidade: salários baixos, falta de estrutura, indisciplina, ofensas e ameaças constantes.
Adriana (nome fictício), afastada por
depressão: xingamentos são comuns
Adriana (nome fictício), professora da rede estadual há 7 anos, acumula memórias de agressões verbais e estresse decorrente do trabalho.
Concursada com 20 horas semanais, ela gasta muito mais que isto na elaboração das aulas, correção de provas e trabalhos. A retribuição por anos de dedicação vem em doses de antidepressivos.
A depressão estava no começo quando uma situação com uma ex-aluna em 2008 deixou a professora tão abalada a ponto de precisar ficar um mês em casa. Enquanto pesquisava o próprio nome na internet, encontrou-o na página de relacionamentos Orkut. Curiosa, pediu a ajuda de um amigo que tinha conta na ferramenta para ler o comentário.
"Ela me chamou de vagabunda. Estava o meu nome completo lá no Orkut, desde o ano anterior (2007), quando ela era minha aluna. Aquilo foi um choque. Nunca fiz nada para ser tão ofendida, muito mais daquela maneira", revela Adriana.
Depois daquele episódio, ela nunca mais foi a mesma. Atualmente, ela move um processo contra a estudante. A única audiência marcada não pôde acontecer porque a menina não foi com advogado.
"Tive uma depressão forte, precisei ficar um mês em casa, não aguentava mais. Pedi afastamento e deixei aquela escola. Mesmo assim, desde então, quando chega nesta época do ano, estou exausta. Preciso de licença todos os anos, ou não aguento", conta Adriana que, neste momento, também está afastada da sala de aula.
Chefe do NRE, a professora Maria Inês Teixeira Barbosa atribui o aumento no número de atestados e o fato de mais da metade deles ter como origem a depressão ao contexto em que a escola está inserida.
"Não temos como dizer que é exclusivo da escola. O mundo está cada dia mais competitivo, cada dia mais exigente. A depressão é o mal do século. Atinge todas as idades e classes sociais, além do que sabemos que todo profissional que lida com outras pessoas tende a ser mais estressado", justifica.
Assim como a estadual, a rede municipal também registra professores afastados pela doença. Durante esta semana, a reportagem de O Diário tentou entrar em contato com uma pessoa que trabalha nas duas esferas e se encontra afastada da sala de aula.
A Secretaria Municipal de Educação (Seduc) não autorizou a entrevista. Com medo de retaliações, ela se negou a contar a sua história, mas confirmou o motivo do afastamento: também sofre de depressão.
O número total de atestados de 2010 e 2011 e os motivos também foram pedidos para a administração do município. O levantamento não foi finalizado até o fechamento desta edição.Por Poliana Lisboa
Concursada com 20 horas semanais, ela gasta muito mais que isto na elaboração das aulas, correção de provas e trabalhos. A retribuição por anos de dedicação vem em doses de antidepressivos.
A depressão estava no começo quando uma situação com uma ex-aluna em 2008 deixou a professora tão abalada a ponto de precisar ficar um mês em casa. Enquanto pesquisava o próprio nome na internet, encontrou-o na página de relacionamentos Orkut. Curiosa, pediu a ajuda de um amigo que tinha conta na ferramenta para ler o comentário.
"Ela me chamou de vagabunda. Estava o meu nome completo lá no Orkut, desde o ano anterior (2007), quando ela era minha aluna. Aquilo foi um choque. Nunca fiz nada para ser tão ofendida, muito mais daquela maneira", revela Adriana.
Depois daquele episódio, ela nunca mais foi a mesma. Atualmente, ela move um processo contra a estudante. A única audiência marcada não pôde acontecer porque a menina não foi com advogado.
"Tive uma depressão forte, precisei ficar um mês em casa, não aguentava mais. Pedi afastamento e deixei aquela escola. Mesmo assim, desde então, quando chega nesta época do ano, estou exausta. Preciso de licença todos os anos, ou não aguento", conta Adriana que, neste momento, também está afastada da sala de aula.
Chefe do NRE, a professora Maria Inês Teixeira Barbosa atribui o aumento no número de atestados e o fato de mais da metade deles ter como origem a depressão ao contexto em que a escola está inserida.
"Não temos como dizer que é exclusivo da escola. O mundo está cada dia mais competitivo, cada dia mais exigente. A depressão é o mal do século. Atinge todas as idades e classes sociais, além do que sabemos que todo profissional que lida com outras pessoas tende a ser mais estressado", justifica.
Assim como a estadual, a rede municipal também registra professores afastados pela doença. Durante esta semana, a reportagem de O Diário tentou entrar em contato com uma pessoa que trabalha nas duas esferas e se encontra afastada da sala de aula.
A Secretaria Municipal de Educação (Seduc) não autorizou a entrevista. Com medo de retaliações, ela se negou a contar a sua história, mas confirmou o motivo do afastamento: também sofre de depressão.
O número total de atestados de 2010 e 2011 e os motivos também foram pedidos para a administração do município. O levantamento não foi finalizado até o fechamento desta edição.Por Poliana Lisboa
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