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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Jegues abandonados em estradas: Promotor do RN gera polêmica ao propor abate para consumo

do BOL, em São Paulo/Divulgação
Na imagem, jumentos confinados para o abate no Rio Grande do Norte. Promotor de Justiça Silvio Brito inicou, em novembro, trabalho com as polícias rodoviárias federal e estadual para recolher os jumentos que circulavam soltos pelas rodovias do Estado

O abandono de jumentos nas estradas do Rio Grande do Norte levou Silvio Brito, promotor da cidade de Apodi (337 km de Natal), a propor o abate dos animais pra consumo. Segundo reportagem exibida pelo "Jornal Nacional" em março deste ano, estima-se que na região existam cerca de 20 mil animais abandonados – que foram substituídos por motos.

Em Apodi, a fazenda APA (Associação de Proteção aos Animais) abriga cerca de 900 animais. À espera de adoção, os bichos são mantidos pelo poder judiciário no local e custam R$ 1,50 por dia - R$ 40.500,00 por mês. O abrigo foi fundado em outubro de 2013, após um levantamento do MPE (Ministério Público Estadual), que verificou que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) estava com problemas para destinar os animais apreendidos nas estradas por causa da alta demanda de apreensões.

A proposta de Brito gerou polêmica entre moradores da região, defensores de animais e também de vegetarianos. O assunto virou pauta no programa de Fernando Gabeira, na Globo News, que abordou questões a respeito da industrialização e exportação desses animais. Em depoimento, Brito, que chegou a oferecer um almoço experimental para trezentas pessoas, declarou que quem experimentou a carne ficou deslumbrado com o fato de conviver há tantos anos com esses animais e não saber que seu gosto é tão bom.

"A nossa ideia é difundir às pessoas que a carne de jumento é própria para consumo, no intuito de retirar esses animais das rodovias", explica o promotor. Segundo a sugestão de Brito, a carne seja servida inicialmente ao sistema prisional. Depois seria incluída em cardápios de escolas e hospitais.

O abate de jumentos para consumo é previsto por lei desde que realizado em um estabelecimento credenciado pelos institutos de inspeção sanitária. Mas muitos ambientalistas e veterinários acham que os animais podem ter outra destinação

O médico veterinário Genecleiton Almeida, mestre em segurança alimentar e saúde pública pela Universidade de Lisboa, em Portugal, também defende que a carne de jumento faça parte do cardápio dos brasileiros.

"Não vejo problema técnico no consumo da carne de jumento, desde que esse animal esteja dentro das condições sanitárias e dentro de uma linha de abate específica. O problema é a questão cultural, que as pessoas ainda têm resistência em consumir carne de jumento", disse Almeida.

Assim como entidades de proteção aos animais, a Sociedade Vegetariana Brasileira questionou a proposta e, até o início de julho deste ano, reuniu 50.000 assinaturas de pessoas contra o consumo da carne de jumento.

"É inadmissível que se adicione ainda mais um tipo de carne ao cardápio do brasileiro, condenando animais de mais uma espécie a sofrer e morrer para atender a interesses dos seres humanos", informou o documento entregue em maio ao procurador-geral de Justiça do RN, Rinaldo Reis.

A ONG DNA (Defesa da Natureza e dos Animais) destacou o risco de extinção caso os jumentos sejam colocados para o abate. Segundo a ONG, os jumentos precisam de 24 meses para procriar e a gestação dura 12 meses.

Jegue motorizado
Com crediários mais longos e preços mais baixos, as motocicletas viraram mania no sertão, o que levou jegues e outros animais usados para transporte de cargas a serem abandonados em estradas. Até fevereiro de 2013, de acordo com série exibida pelo "Jornal da Band", o número de motos no nordeste chegava a 5 milhões e até boiadas já são conduzidas por duas rodas.

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