A presidente congelou o preço da gasolina, mas a Petrobras segura o prejuízo. Os usineiros são, por isso, compelidos a segurar também o do etanol. Como as usinas não são estatais, algumas quebraram, outras capengam. Mas o governo tem sempre uma carta na manga para resolver (a curto prazo...) suas trapalhadas: nessa, o caminho das pedras é aumentar a mistura do álcool anidro na gasolina de 25% para 27,5%.
A ideia foi 'enxertada' na MP 647, que só tinha o biodiesel como tema. E aprovada no início de agosto pela Câmara. Para virar lei, ainda precisa do parecer positivo do Senado. E, para um toque de seriedade, a medida ressalva a necessidade de constatar sua 'viabilidade técnica'.
Se aprovada, ganham os usineiros, pois a demanda do etanol anidro seria elevada em 10% e aumentaria sua rentabilidade. Deixaria a Petrobras também feliz, pois reduz a deficitária importação de gasolina. Só perdem os motoristas...
A pedra no sapato de dona Dilma é que a tal 'viabilidade técnica' já foi desmontada pela Anfavea, associação dos fabricantes de automóveis: seus engenheiros alegam que se o percentual de 25% de etanol for excedido, os motores a gasolina terão desempenho prejudicado. Porém, mais uma vez, o aspecto técnico corre o risco de ser atropelado pelo político e que se danem os motoristas, pois o parecer final será do Inmetro, órgão do governo que, por conveniência, acaba comungando suas conclusões com as demandas do Planalto.