Confira o que os especialistas da Rede Ebserh alertam no Dia Mundial da Hipertensão Arterial (17/05)
Mundialmente a hipertensão afeta 1 em cada 3 adultos, e quase metade das pessoas com hipertensão desconhecem essa condição. Esses dados foram divulgados no último relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgado pela OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) em setembro do ano passado.
No Brasil, a realidade não é diferente. Aproximadamente 24% da população tem pressão alta, segundo o relatório “Estatística Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia de 2023”.
Por isso, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) convidou dois especialistas para responder os mitos e verdades sobre a hipertensão arterial: Rodrigo Aguilar, cardiologista no Hospital Universitário da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar) e Jamila Xavier, cardiologista no Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT). Confira abaixo.
1.Basta reduzir a quantidade de sal na hora do preparo dos alimentos para evitar o aumento da pressão arterial?
MITO. Segundo Rodrigo Aguilar, retirar o sal da comida é um passo importante para reduzir o consumo de sódio, mas é igualmente importante estar ciente de outros alimentos que também contêm sódio, como alimentos processados, enlatados e fast-foods. Além de reduzir o consumo de sal, é importante manter uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras para ajudar controlar a pressão arterial.
A cardiologista Jamila Xavier orienta que retirar o saleiro da mesa de refeição é uma boa iniciativa, mas também são necessárias outras mudanças de hábitos, tais como o uso de ervas, especiarias e misturas de temperos sem sal para cozinhar, diminuir ou evitar o consumo de carnes processadas (presunto, mortadela, salame), enlatados, temperos e molhos prontos, além de lanches industrializados (batata frita, salgadinhos). A redução no consumo de sal na população brasileira continua sendo prioridade de saúde pública, mas requer um esforço combinado entre indústria de alimentos, governos nas diferentes esferas e público em geral, já que 80% do consumo de sal envolve aquele contido nos alimentos processados. Outro importante hábito a ser incorporado na rotina é de ler os rótulos nutricionais dos alimentos e escolher aqueles com baixo teor de sal (cloreto de sódio).
2.O consumo de sódio em excesso está relacionado com o aumento da pressão arterial?
VERDADE. O cardiologista do HU-UFSCar explica que a ingestão elevada de sódio é comprovadamente um fator de risco para o aumento da pressão arterial. Quando há excesso de sódio na corrente sanguínea, há um estímulo para que haja aumento da quantidade de água dentro dos vasos sanguíneos. Com um volume maior de sangue fluindo através de seus vasos sanguíneos, a pressão arterial aumenta. A literatura científica mostra que a ingestão de sódio está associada a doenças cardiovasculares como o infarto e o derrame cerebral, quando a ingestão média é superior a 2g de sódio, o equivalente a 5g de sal de cozinha por dia.
3.Hipertensos devem consumir menos sal?
MITO. A maioria dos brasileiros deve consumir menos sal do que o habitual, não somente os hipertensos. A cardiologista do HUJM-UFMT explica que a quantidade de sal recomendada diariamente, tanto para indivíduos hipertensos como para a população geral, é de 5g/dia (ou 2g de sódio por dia). A ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 g/dia (9,63 g/dia para homens e 9,08 g/dia para mulheres). Ou seja, quase o dobro do recomendado.
4.Estresse eleva a pressão?
VERDADE. Segundo o cardiologista Rodrigo Aguiar, o estresse pode ter um impacto significativo na pressão arterial. Quando uma pessoa está estressada, seu corpo libera hormônios do estresse, como a adrenalina, que podem causar um aumento temporário na pressão arterial. Se o estresse é crônico, ou seja, persiste por um longo período de tempo, isso pode levar a problemas de saúde mais graves, incluindo hipertensão arterial.
Além disso, o estresse também pode levar a comportamentos que aumentam o risco de pressão alta, como má alimentação, falta de exercício físico, consumo excessivo de álcool e tabagismo. Portanto, é importante encontrar maneiras saudáveis de lidar com o estresse, como praticar exercícios regularmente, meditar, fazer atividades relaxantes e manter uma rede de apoio social forte. Essas medidas podem ajudar a reduzir o impacto do estresse na pressão arterial e na saúde geral.
A musicoterapia e meditação aqui entendida como a experiência de esvaziar a mente, tornando-a livre de pensamentos mostram tendência a diminuição dos níveis de pressão arterial.
A cardiologista Jamila Xavier reforça que toda vez que episódios/situações de estresse ultrapassam os limites do indivíduo, seja em intensidade e/ou duração, isso é considerado uma agressão ao organismo e pode ter consequências cardiovasculares. Há, consequentemente, o estímulo do sistema nervoso simpático resultando em aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, assim como há o estímulo à produção de substâncias vasoconstritoras. Caso as situações de estresse estiverem presente cronicamente, isso pode contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial. A magnitude da resposta ao estresse (reatividade cardiovascular) pode ter influência desde fatores genéticos como das experiências que o paciente está vivendo.
5. Hipertensão na gravidez é uma das principais causas de mortalidade materna no Brasil?