O ex-cobrador de ônibus Gilberto Arruda vai ser formar em Medicina na UnB na próxima sexta, 24 de maio.
- Fotos: Marcione Santana / Rafaela Felicciano / Metrópoles
O ex-cobrador de ônibus Gilberto Arruda Rodrigues, vai se formar em Medicina na próxima sexta-feira, 24, aos 50 anos, na UnB, Universidade de Brasília. O Só Notícia Boa acompanha a história desse guerreiro desde 2021. Por Monique de Carvalho
É uma verdadeira conquista, depois dos desafios que enfrentou nessa vida. Ele ficou em coma por 14 dias após ser atropelado em 2000. Na época, ouviu dos médicos que não andaria mais.
Além disso, Gilberto conta que sofreu racismo e recebeu apoio de pessoas queridas: “Racismo estrutural, um racismo mais velado, não tão explícito”. E agradeceu pelo apoio que recebeu professores, alguns amigos, da equipe da enfermagem e técnicos.
Perdeu pai, mãe cedo
Ele é morador de Ceilândia, a 34 km de Brasília e se considera uma pessoa obstinada.
Gilberto ficou órfão da mãe quando tinha 9 anos e, aos 18, teve de lidar com a morte do pai.
Criado pela madrasta, utilizou o skate como uma maneira de não perder o foco na vida. Chegou a disputar alguns campeonatos na modalidade, até decidir cursar faculdade.
Cobrador de ônibus para pagar estudos
Quando fez 19 anos Gilberto quis estudar educação física. Na mesma época passou na prova para atuar como cobrador de ônibus.
“Trabalhei nessa função por 6 anos, mas o dinheiro era curto para conseguir custear os estudos. Foi quando decidi que precisaria virar motorista, ganhar mais, e aí poderia fazer o curso superior”, disse na época.
O atropelamento
Em outubro de 2000, enquanto estava no pátio na função de “manobreiro”, foi atropelado por um colega.
“Pegou da minha cintura para baixo. Quebrou minha bacia, tive hemorragia interna. E tudo ocorreu comigo lúcido. Lembro que os bombeiros chegaram e me imobilizaram”, contou Gilberto.
Após 14 dias em coma veio o diagnóstico duro: “jamais seria possível voltar a andar”. Mas ele persistiu.
“Fiquei mais de um ano só na cama ou cadeira de rodas. Após uma cirurgia no meu pé, passei a ter alguma possibilidade de voltar. Passei a andar com muleta por um tempo e, depois, consegui andar sozinho, por volta de 2002”, contou.
Inspiração para os filhos
Hoje, Gilberto diz que o diploma é a realização de um sonho e ensina aos filhos a importância da educação para mudar a história das pessoas.
Gilberto entrou na UnB em 2018 e notícia boa inspirou os filhos dele: Raquel, Radassa e Rafael.
Radassa já disse que o sonho dela é ser médica legista. Ela disse que tem muito orgulho do pai e que é muito gratificante poder acompanhar essa nova fase da vida dele.
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