O ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Simões Toledo foi preso temporariamente pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 11, em São Paulo, por ordem da Justiça Federal. O executivo trabalha hoje no Banco Banif. Ele foi alvo da Operação Porto Victoria, deflagrada hoje, para desarticular uma organização criminosa transnacional especializada em evasão de divisas e lavagem de dinheiro em São Paulo, no Paraná e no Rio de Janeiro.
No BB, Allan Toledo dirigiu até 2012 uma das áreas mais importantes da instituição, a vice-presidência de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking. Ele foi exonerado por ser identificado pelo governo como participante de um movimento cujo objetivo seria desestabilizar o então presidente do banco, Aldemir Bendine, e ficar com seu cargo.
O BB também chegou a instaurar uma sindicância interna contra ele para investigar movimentação atípica identificada pelo Coaf, órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, de R$ 1 milhão. O dinheiro foi depositado numa conta corrente aberta por Toledo no BB apenas para a entrada do valor. Toledo sempre alegou que o dinheiro era fruto da venda de uma casa de uma aposentada que ele considera uma segunda mãe e da qual era representante.
Durante as investigações, foram detectadas transações por meio de um esquema conhecido como “dólar cabo”, realizadas no Brasil e no exterior, à margem do sistema oficial de remessa de divisas. Segundo estimativas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), há movimentações, como indicativo de lavagem de dinheiro, de cerca de R$ 3 bilhões em três anos de atuação das empresas envolvidas.
A investigação teve início em 2014 após solicitação da Agência Norte Americana de Imigração e Alfândega – ICE, para apuração de fatos envolvendo um brasileiro que atuaria junto a uma organização criminosa especializada em evasão de divisas e lavagem de dinheiro no Reino Unido, na Venezuela, nos Estados Unidos, Brasil e Hong Kong. A PF identificou a atuação do grupo em diversas frentes.
Um dos esquemas baseou-se na especialização da retirada ilegal de de divisas da Venezuela por meio de importações fictícias promovidas por empresas brasileiras que tinham como fim somente a movimentação financeira. Os produtos brasileiros eram superfaturados em até 5.000% para justificar a remessa dos valores vindos da Venezuela. Em seguida, empréstimos e importações simuladas justificavam o envio dos recursos para Hong Kong, de onde então era encaminhados para outras contas ao redor do mundo.
Outro modo de ação – realizado no Brasil – era feito com importações fictícias por empresas brasileiras valendo-se da colaboração de operadores do sistema financeiro com bancos e corretoras de valores, que faziam vista grossa em relação à veracidade de transações comerciais que tinham como fim único o envio de dólares para o exterior, com aparências de legalidade.
A assessoria de imprensa do Banco Banif informou que não vai se pronunciar. *Por Fausto Macedo e Andreza Matais, no Estadão. ( Foto de Alan Toledo-Divulgação)