Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Brasil vive em 2024 seca de maior extensão e intensidade dos últimos 70 anos
Balança comercial tem saldo positivo de R$ 28 bilhões em agosto
Segundo os dados da ANA, de junho para julho a seca avançou no Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo e Tocantins. Em cinco unidades da Federação, se estabilizou: Amapá, Ceará, Distrito Federal, Maranhão e Pernambuco. Somente dois estados seguiram livres de seca em julho: Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Entre os estados, o Amazonas teve a maior área atingida pela seca em julho, seguido por Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e Bahia. No total, entre junho e julho, a área afetada pela seca aumentou de 5,96 milhões de km² para 7,04 milhões de km², o que representa 83% do território do Brasil. Isso significa que, nesse período, a área com seca cresceu em 1,1 milhão de km².
Comparado a julho de 2023, os dados de julho de 2024 também mostram que a seca este ano é mais grave. Veja no mapa a seguir.
A situação é mais crítica no Norte do país. Segundo o SGB (Serviço Geológico do Brasil), a seca na região atinge níveis históricos por toda a Bacia do Rio Amazonas. Além das mínimas históricas nos rios Solimões e Madeira, as cotas estão abaixo da faixa da normalidade e continuam a descer também nos rios Negro, Acre e Amazonas.
Os rios da Bacia do Rio Paraguai, na região do Pantanal, que abrange municípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, também seguem em ritmo de descida. Em algumas localidades, os valores já estão entre as mínimas históricas, e o cenário tende a se agravar diante das previsões de baixo volume de chuvas.
“A descida tem sido em ritmo de 15 cm por semana, o que é acelerado, e, como não há previsão de chuvas para toda a região, a tendência é que a cota continue a baixar. A expectativa é que os níveis dos rios parem de baixar ao final de setembro, com as primeiras chuvas da estação chuvosa, caso elas de fato ocorram”, explica o pesquisador em geociências do SGB Marcus Suassuna.
Com isso, o fornecimento de energia elétrica também sofre impactos. Na quarta-feira (4), a Eletrobras informou que a usina hidrelétrica de Santo Antônio interrompeu a operação de algumas unidades geradoras devido ao baixo fluxo de água no Rio Madeira, que atingiu os limites operacionais.
Para setembro, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou a bandeira tarifária vermelha no nível 1, o que significa contas de luz mais caras para os consumidores, com um adicional na tarifa de energia elétrica de R$ 4,46 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) consumidos.
Como a produção nas hidrelétricas está baixa, será necessário usar as usinas termelétricas, que geram energia a um custo maior.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) alerta que a produção de alimentos deve cair, resultando em um aumento nos preços. Os produtos mais afetados serão a laranja e a banana. A maioria da produção de laranja do país ocorre em São Paulo e no Triângulo Mineiro, regiões fortemente atingidas pela seca e por queimadas.
Segundo a Conab, seis estados tinham calendário de plantio vigente para as culturas de feijão e milho em agosto. Há preocupação especialmente com Minas Gerais, o único estado com calendário de plantio vigente.
Em agosto, 50 municípios enfrentaram seca severa e 471 municípios tiveram seca moderada. No Centro-Oeste, a situação mais preocupante é em Mato Grosso do Sul, onde oito municípios enfrentaram seca severa e 17 tiveram seca moderada.
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