Por Idiana Tomazelli e Raquel Lopes | Folhapress
Foto: Imagem Ilustrativa. Divulgação/Governo da Bahia
A eleição de policiais militares como vereadores eleva o número de homicídios nos municípios que os elegeram, sobretudo em áreas mais pobres e com maior concentração de pretos e pardos.
Essa é a constatação de um estudo realizado pelo pesquisador Lucas Novaes, do Insper, e publicado na American Political Science Review, um dos periódicos mais influentes da ciência política.
O trabalho analisou dados de 2.491 municípios que tiveram candidatos ao Legislativo classificados como "lei e ordem" entre os pleitos de 2004 e 2012.
A categoria inclui candidatos que faziam parte das forças policiais ou da reserva das Forças Armadas e que incluíam alguma patente dessas corporações em seus nomes de urna, como capitão, coronel, cabo, tenente ou soldado. Seguindo esse critério, foi possível identificar um total de 7.888 pessoas ao longo de oito anos.
As informações foram cruzadas com a curva de homicídios observada nos quatro anos seguintes a cada eleição (ou seja, até 2016).
Em municípios que elegeram PMs como vereadores, o efeito médio foi de 13 homicídios a mais por 100 mil habitantes. Um aumento de 53% em relação a municípios com características semelhantes e que chegaram muito perto de eleger policiais militares para a Câmara Municipal, mas não o fizeram por uma pequena diferença de votos.
Como esse tipo de candidatura cresceu na esteira da eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Novaes avalia que o impacto pode estar se replicando ou até se intensificando nos municípios.
"Considerando que pode ter mais candidatos policiais eleitos daqui para frente, isso aumentaria ainda mais as distorções de segurança pública", diz.
Uma possível explicação para esse efeito, segundo o pesquisador, reside no fato de que esses candidatos são eleitos, em sua maioria, por cidadãos que vivem em áreas relativamente mais ricas —isto é, que reúnem a parcela com mais renda entre os habitantes daquele município. Leia mais no bahianoticias
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