Dra. Andréa Ladislau / Psicanalista
A dependência tecnológica precoce vem alarmando, cada vez mais, pais, educadores, médicos e profissionais de saúde mental. Atualmente, não raro, vemos o celular sendo manuseado por crianças abaixo de 5 anos.
E, infelizmente, a tecnologia em si, tornou-se um “instrumento para acalmar ou distrair os filhos”, para que os pais possam trabalhar, socializar ou descansar. Como corrigir esse problema e como saber quando um simples lazer ou uma tentativa de “distrair” o filho, se transforma em um problema que deve ser levado a sério?
A intensidade, frequência e duração do tempo de utilização da tecnologia por crianças e jovens, são fatores identificação dos excessos.
A exposição ao celular em detrimento de brincadeiras lúdicas, ou mesmo do estudo e dedicação às tarefas escolares, pode levar a criança a se sentir incapaz de controlar ou de colocar um limite no tempo em que realiza a atividade.
Além disso, o jogo ou celular passa a ser sua prioridade, acima dos interesses vitais, como: comer, dormir, descansar, higienizar, socializar, dentre outras rotinas cotidianas. Por fim, é muito comum perceber que, à medida que o vício se torna incontrolável, a pessoa começa a ter uma escalada de tempo crescente para tudo que é tecnológico.
Pensando nas causas deste problema, ainda não temos uma causa específica e determinada, podendo ser um somatório de fatores. O fato de, alguns responsáveis, estarem ocupados demais, com mil tarefas e sem tempo para orientar, brincar e interagir com o filho, é uma delas.
Com isso, a criança ou o adolescente cresce interiorizando uma carência afetiva. Claro que, a questão se torna muito subjetiva, pois pode ser por fuga da realidade, necessidade de se desafiar a todo instante - quando o assunto for games, procrastinação, baixa autoestima, dificuldades de autocontrole, impulsividade, deficiência comunicativa, déficit do manejo emocional, timidez em excesso, ansiedade, prejuízos cognitivos, entre outros.
Porém, é uma porta de entrada para desenvolvimento do vício. Mas, assim como todo tipo de vício (drogas, alcoolismo, tabagismos, sexo, compras...) existe o fator recompensa cerebral. Um mecanismo biológico que provoca motivações para permanecer no vício. Isso acontece porque o neurotransmissor dopamina é liberado, provocando prazer imediato, favorecendo a permanência na atividade.
E o que fazer? Substituir celulares, tecnológicos, por atenção, acolhimento e tempo de qualidade. Criar regras e não permitir o uso de celulares em escolas, limitando também o uso cotidiano. Para as crianças menos de 5 anos, não estimular a tecnologia em nenhuma hipótese.
Fornecer o lúdico e brincadeiras que propiciam interação com a família e outras crianças, é fundamental. No entanto, se a situação já estiver fora do controle, o mais comum é buscar a ajuda de um profissional de saúde mental. Ou seja, rotinas precisam ser criadas e determinadas regras para impedir o vício da utilização.
Enfim, tanto a escola quanto a família podem, juntos, trabalhar a eficácia desse processo. A introdução do celular em crianças pequenas deve ser abolida e nas escolas a regra de “não utilização”, instituída. Portanto, a união dessa rede de apoio, aliada ao acompanhamento psicoterápico, se necessário, são muito eficazes no combate aos exageros.
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