por Lula Bonfim**Foto: Pedro Martins / G1
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, publicou nas redes sociais, na tarde deste domingo (21), o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Trata-se de "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil". A redação integra o caderno de provas do primeiro dia da avaliação, que terá seu segundo e último dia daqui a uma semana (28).
A professora de Redação e Português Gabriela De-Gino considera que, assim como nos anos anteriores da avaliação, o tema está dentro do padrão que se espera do Enem. Em 2020, o tema foi “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”.
“A proposta da redação, inicialmente, pode causar estranhamento, mas não é nada fora do comum ao exame. O tema está dentro do eixo temático de bem-estar social e contempla uma perspectiva de discussão e criticidade do que vivemos cotidianamente, bem como os temas anteriores”, disse a professora, em entrevista ao Bahia Notícias.
De-Gino considera que o tema é “bem complexo” e que os estudantes precisam ficar atentos à fundamentação do núcleo temático “cidadania”, um dos principais aspectos avaliados pelos corretores.
“Acredito que interpretar a proposta temática da maneira adequada e identificar o núcleo temático seja o primeiro e maior desafio. O núcleo ‘cidadania’ deve ser muito bem fundamentado pelas questões de registro civil - ou ausência dele - e da invisibilidade social”, avaliou a professora.
Gabriela pontuou, no entanto, que ainda não teve acesso aos textos motivadores, que auxiliam os estudantes na compreensão da proposta. Ao BN, ela citou o que pode ser obstáculo ou facilidade para o aluno diante da redação.
“Talvez o ponto do ‘registro civil’ seja um obstáculo para alguns participantes, mas o ponto da ‘invisibilidade’ é acessível. Certamente, é possível argumentar sobre questões relacionadas à população em situação de rua, à invisibilidade desse grupo na sociedade, sobre a ausência de direitos básicos que não podem ser garantidos caso o cidadão não tenha nenhum tipo de documentação”, comentou De-Gino.
“Tudo isso deve ser sempre direcionado a um ponto: considerar a garantia da cidadania no país. Por exemplo, uma pessoa que não tem CPF praticamente não existe no Brasil e terá uma dificuldade enorme para conseguir acessar direitos básicos, como saúde e educação”, continuou a professora.
De-Gino alerta, porém, para o risco de tangenciar o tema, o que pode gerar penalização para o estudante.
“Se o aluno falar só de invisibilidade, e não falar de registro civil, ele tangencia o tema. Se ele falar só de registro civil, e não falar de invisibilidade, também tangencia. Tangenciamento penaliza automaticamente em três competências”, finalizou.
O tema proposto para a redação é o mesmo tanto para os estudantes que fazem a prova presencial quanto para aqueles que realizam o Enem Digital. Os candidatos têm até as 19 horas para terminar a avaliação deste domingo, que tem, além da redação, 90 questões de múltipla escolha, divididas entre “Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias” e “Ciências Humanas e Suas Tecnologias”.
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