Especialista esclarece mitos e verdades sobre causas, diagnóstico e tratamento de doenças psíquicas
Assunto cercado de tabus, o suicídio tira a vida de 800 mil pessoas por ano em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, é a segunda causa de morte entre jovens com idades de 15 a 29 anos. São cerca de 12 mil casos por ano no país, taxa que preocupa no Brasil, uma vez que já cresceu 7% nos últimos seis anos, na contramão do índice mundial que caiu 9,8%.
Doenças como a depressão, ansiedade, esquizofrenia, transtorno bipolar e estresse pós-traumático, são comumente relacionadas a pensamento suicidas, porém cada uma destas doenças pode apresentar diferentes aspectos e suas devidas particularidades, com isso, demanda bastante atenção e sensibilidade para ser notado e cuidado.
"Ainda há muito preconceito em torno da saúde mental. Muitas pessoas negligenciam as condições alheias e até mesmo as próprias, por acreditar que depressão, por exemplo, é 'falta de esforço', 'frescura', 'pouca fé', uma 'maneira de chamar a atenção', entre outros absurdos, totalmente não condizentes com a realidade de uma doença mental", pontua Melina Lopes Ferreira Brandão, psicóloga membro da plataforma Doctoralia.
Com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de debates qualificados sobre o tema, a OMS em parceria com entidades globais ligadas ao tema estabeleceu, em 2003, o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Em 2015, o Brasil abraçou a causa e criou o Setembro Amarelo, uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Para desmitificar o assunto, a psicóloga Melina Lopes esclarece os principais mitos e verdades sobre saúde mental e suicídio:
Depressão e ansiedade não são doenças - Mito
Depressão não é apenas uma tristeza passageira, assim como transtorno de ansiedade não tem nada a ver com aquele frio na barriga que antecede um evento esperado pelo indivíduo. Ambas são consideradas doenças mentais pela OMS e apresentam diferentes graus. A psicoterapia, aliada à exercícios físicos e um estilo de vida saudável, podem ser suficientes para tratar casos leves. Já em casos moderados e graves, há maior probabilidade que o paciente também seja acompanhado por psiquiatras, para orientação e prescrição de medicamentos.
Lidar com o comportamento suicida com base na suposição de "quem muito fala, nada faz" é negligenciar a vida. Grande parte das pessoas que tiraram a própria vida deram sinais de que o fariam algum tempo antes. Os sinais são diversos e variam, mas alguns dos mais comuns são:
Isolamento – caracterizado pela ausência em compromissos, diminuição de interação nas redes sociais, ignorar telefonemas e mensagens, e excesso de tempo solitário.
Falta de esperança/perspectiva de vida – normalmente notamos esse sintoma por meio de conversas recorrentes em tom pessimista sobre sentir-se perdido, sem saber o que fazer da vida.
Apatia – a ausência de sentimentos pode ser mais perigosa do que a tristeza excessiva. Sentir-se apático por um longo período coloca o paciente mais próximo da desvalorização da vida.
Suicídio é evitável- Verdade
Segundo a OMS, 9 em cada 10 mortes por suicídio poderiam ter sido evitadas. A chave é a prevenção. Especialistas defendem a importância de falar sobre transtornos psíquicos sempre, a fim de incentivar crianças e jovens a falar também sobre casos de bullying, abusos e outras angústias. Isso serve também para adultos, por isso é interessante que as empresas e escolas abracem a causa e disseminem conteúdos sobre o tema.
Falar sobre o assunto influencia a pessoa a cometer suicídio - Mito
Conversar e, principalmente, colocar-se à disposição para ouvir a pessoa com pensamento suicida tem inúmeros benefícios. Não tira a necessidade de um acompanhamento profissional, mas é importante para que o paciente saiba que pessoas ao seu redor estão presentes e se importam com ele.
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