Por Humberto Pinho da Silva
Imagem do demonstre.com
A tradicional e velha história, sobejamente conhecida, narrada a jeito de parábola ou prosopopeia, onde a formiga – trabalhadora incansável, labuta, erguendo-se antemanhã, em busca de comida para armazenar; e a cigarra, que canta despreocupadamente, indiferente ao dia que virá, encerra preceito importante.
Chegado o Inverno, a formiga, recolhe-se ao lar – onde há dispensa cheia, – e a cigarra improvidente, sentindo fome, vai à casa da formiga, pedir-lhe esmola.
A resposta que ouve, é:” Passaste o Verão a cantar…Agora dança…”
Tenho lido, e com razão, que a formiga foi cruel, insensível e inumana.
Concordo, que fosse desumana. Mas, quantas cigarras andam por este mundo de Cristo, a cantar, a viajar, adquirindo o bom e o melhor? …Depois, chega a tormenta: o desemprego, a crise económica, a doença…e o que fazem?
Vão pedir ao Estado.
Se Este foi formiguinha, se arrecadou, como José, em época de fartura, abre a bolsa e despeja, a torto e direito; mas, se cantou, construiu obras faraónicas, Estados de Futebol, inúteis…não tem outro remédio, senão ir de mão estendida, pedir auxilio a países formiguinhas…
Conheço quem aforrou, quanto pode, preparando velhice folgada. Trabalhou até doer. Recebida a reforma, chegam filhos e filhas, netas e netos, parentes e amigos, que sempre cantaram, estourando o que ganharam, e em voz apertada, em lamúria sentimental, buscam extorquir, assaltar a dispensa da formiguinha,
Dizem, os economistas, que devemos guardar, dez por cento, do que se ganha (era o pé-de-meia, dos antigos,) para quando chegar as vacas magras, haver almofada, que defenda da borrasca.
Mas, são poucos, os que imitam a formiguinha, porque poucos são, os que querem renunciar ao prazer…
Para quê poupar? - Dizem. Se há sempre formiguinhas para “tosquiar”…
Será que compensa ser formiguinha? …
Nenhum comentário:
Postar um comentário