Estadão - O juiz federal Marcos Josegrei da Silva condenou 13 réus da Operação Research, que descobriu um esquema de desvio de R$ 7,3 milhões de bolsas de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR), nesta quinta-feira, 14. As penas, por crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, se somadas chegam a 159 anos de prisão. Outros 21 réus foram absolvidos.
Na sentença, o juiz da 14.ª Vara Federal de Curitiba faz um resumo do esquema comprovado. “O esquema delituoso consistente na prática reiterada de desvios de valores destinados a pagamentos de Auxílio a Pesquisadores, Bolsa de Estudo no País e Bolsa de Estudo no Exterior da UFPR ocorreu mensalmente entre março de 2013 e outubro de 2016.”
Segundo Josegrei, “o mecanismo era relativamente simples: em procedimentos de pagamentos de bolsas submetidos ao pró-reitor e à pró-reitora substituta de pós graduação da UFPR para que fossem aprovados e encaminhados para quitação eram inseridos mensalmente nomes e dados bancários de indivíduos das relações pessoais das líderes e agenciadoras do esquema que nenhuma relação docente possuíam com a Universidade”.
A Polícia Federal e o Ministério Público Federal comprovaram que em um período inicial alguns poucos nomes “foram utilizados como ‘teste de viabilidade’ da prática criminosa”. Posteriormente, os condenados “instituíram uma rede de ‘laranjas’ que atingiu o total de 27 ‘bolsistas’ cuja função era basicamente a de, a um só tempo, viabilizar as práticas criminosas e ocultar e dissimular a origem criminosa dos valores desviados, permitindo que, em seguida, retornassem aos bolsos das mentoras e agenciadoras mediante saques em espécie e transferências bancárias”.
O esquema provocou um rombo de R$ 7.351.133,10. Segundo o juiz, dinheiro “sangrado dos Cofres Públicos e (que) financiou cruzeiros marítimos, jóias, roupas, viagens e jantares”. “O estratagema, conquanto rudimentar, funcionou mensalmente sem que fosse detectado por qualquer sistema de controle interno da UFPR, até ser descoberto com relativa facilidade pela Controladoria Geral da União em inspeção realizada no segundo semestre de 2016.”
Para Josegrei, “trata-se de cifra altíssima que deve ser sempre lembrada por todos os estudantes e pesquisadores das universidades públicas do País que, em algum momento de suas vidas acadêmicas, buscaram auxílio financeiro e não o obtiveram ou foram contemplados com valores insuficientes para fazer frente às suas necessidades”.
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