por Gustavo Fioratti | Folhapress
Realizado pela Globo, o último debate de presidenciáveis antes das eleições no primeiro turno teve público superior àquele que foi registrado em 2014. Neste ano, a média de audiência divulgada pelo Ibope ficou em 22 pontos, contra os 20,9 registrados em outubro daquele ano, quando Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (à época no PSB, hj na Rede), estavam na disputa.
O debate da Globo teve melhor desempenho de público mesmo com uma concorrência inesperada: Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas de intenção de voto, concedeu entrevista à Record no mesmo horário. Na faixa entre 22h05 e 22h32 desta quinta (4), na qual exibiu a entrevista com Bolsonaro, o Jornal da Record marcou 13,6 pontos de média. Foi mais do que a metade da média que atingiu o debate com os candidatos concorrentes, na Globo, entre 22h e 1h da manhã.
Medidos pela Kantar Ibope, os índices são referentes à Grande São Paulo. Cada ponto equivale a 72 mil domicílios. Com a entrevista, a Record ficou em segundo lugar isolado e bateu recorde de audiência, segundo divulgou a própria emissora.
A entrevista com Bolsonaro foi anunciada no início da noite, quatro horas antes de ser exibida, e foi marcada por tom ameno. O bispo Edir Macedo, dono da Record, já havia divulgado apoio ao candidato pelo Facebook, no dia 28 do mês passado.
Quando souberam da entrevista no mesmo horário do debate programado pela concorrência, advogados de Ciro Gomes (PDT) e de Geraldo Alckmin (PSDB) chegaram a elaborar petições para barrá-la no Tribunal Superior Eleitoral, mas recuaram a pedido dos candidatos, que não quiseram desgastar suas imagens com a emissora.
No TSE já há cinco ações contra a Band TV pela mesma razão. A emissora transmitiu entrevista de 46 minutos com Bolsonaro (PSL) no programa Brasil Urgente no dia 28 de setembro. As representações na Justiça foram registradas por outros candidatos, entre eles Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL).
Também há representações contra a rádio JovemPan, que fez entrevista de 26 minutos com Bolsonaro no último dia 24. A lei estabelece que "é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação".
Segundo juristas ouvidos pela reportagem, o que poderia caracterizar tratamento privilegiado na entrevista exibida pela Record seria o tempo dedicado a um único candidato na TV e do tom da conversa. A lei, porém, é aberta a interpretações e não impõe nenhum limite específico de minutagem.
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