Presidenciável afirmou que não escolherá quem não ‘respeite’ imunidade do discurso de parlamentares; em abril, procuradora denunciou o deputado por racismo
Jair Bolsonaro indicou que, se eleito, não vai reconduzir a atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para mais dois anos de mandato à frente do Ministério Público Federal em 2019. Em abril, Dodge denunciou Bolsonaro pelo crime de racismo, depois que o deputado federal “usou expressões de cunho discriminatório, incitando o ódio e atingindo diretamente vários grupos sociais” durante uma palestra no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, quando fez críticas a comunidades tradicionais, como quilombolas.
O recado do presidenciável surgiu quando foi perguntado no Jornal Nacional sobre seus critérios para a escolha do próximo PGR. Segundo Bolsonaro, se ele for eleito, o escolhido será alguém “que respeite a Constituição e os parlamentares, que tem imunidade em suas palavras, opiniões e voz”. Essa foi a principal tese do deputado em sua defesa contra a denúncia de Dodge, alegando que parlamentares federais tem imunidade legal sobre discursos.
O postulante também indicou que seu critério será “isenção” e que buscará alguém “livre do viés de esquerda”. Por isso, ele não se obrigará a seguir a chamada lista tríplice, relação de três procuradores que é elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) por meio de uma votação e submetida ao presidente da República. Em 2017, o presidente Michel Temer (MDB), ao optar por Raquel Dodge, escolheu a segunda colocada da lista, recusando o mais votado, Nicolao Dino, ligado ao ex-procurador-geral Rodrigo Janot. A atual PGR tem mandato até o segundo semestre do ano que vem.
“O critério é isenção, que seja alguém que esteja livre do viés ideológico de esquerda, que não tenha feito carreira em cima disso e que não seja um ativista no passado por certas questões nacionais”, afirmou. A atual procuradora tem trajetória ligada aos direitos humanos e é uma notória defensora da revisão da Lei da Anistia, para que a Justiça brasileira possa processar e condenar militares responsáveis por crimes durante a ditadura militar no país. O presidenciável também afirmou que o escolhido, “ao contrário do que se diz por aí”, não será do Ministério Público Militar. As informações são da revista Veja.
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