por Fernando Duarte***Foto: Reprodução/ iStockphoto *BN
A denúncia de que há empresários por trás de série de mensagens em massa para disseminar informações falsas durante a campanha eleitoral é grave e, independente de qual seja o beneficiário, deve ser investigada pelas autoridades competentes. No entanto, o que se observou desde o início da campanha eleitoral é que o prometido combate de “fake news” pelo Tribunal Superior Eleitoral é igual a promessa de político: não saiu do papel.
As eleições de 2018 no Brasil estão marcadas pela disseminação de informações falsas. Parece que o brasileiro importou e internalizou a expressão popularizada pelo americano Donald Trump e é esse fenômeno que caminha para ser decisivo nas urnas. O escritor Laurentino Gomes, autor da trilogia 1808, 1822 e 1889, fez uma série de publicações em redes sociais mostrando que o uso de pseudonotícias na política não é novidade no Brasil. Em momentos decisivos da breve história do país não foram raros os casos em que a disseminação de informações apócrifas e inverídicas transformaram a cena política local. A questão é que, na eleição que termina no dia 28, o esquema em torno da estratégia se tornou lucrativo e massivo como nunca.
O WhatsApp é o principal vilão nesse processo. Enquanto nas redes sociais é possível verificar a popularização de informações falsas, na conversa individual ou em grupos é improvável que haja algum tipo de senso antes de repassar imagens, links ou qualquer conteúdo que agrade ao usuário. Tanto que qualquer pessoa provavelmente já recebeu algum tipo de mensagem falsa e repassou sem parar para refletir sobre o tema. No entanto, um pouco de bom senso já facilitaria muito a vida.
Quem acredita que um projeto de lei tentaria mudar a Bíblia? Quem em sã consciência defenderia a descriminalização da pedofilia? Ou alguém pensou realmente em ensinar a crianças abaixo de seis anos o que é sexo de maneira pouco pudica? Ou que existiu, em algum momento, um kit gay? Todas essas perguntas foram algumas das muitas que fomos obrigados a responder durante a campanha eleitoral de 2018. Tudo conteúdo falso e que assustou quem pouco conhece sobre a realidade do país.
Quando a mensagem deixa de ser alvo de questionamento e o mensageiro passa a ser o principal problema da comunicação, é necessário pensar o papel social do jornalismo. O jornalismo sério permitiu que os mais diversos candidatos fossem instados a falar publicamente sobre temas espinhosos. Mas o clima de torcida organizada impediu que as facetas das verdades fossem levadas em consideração. Muitas mentiras passaram a valer como verdade e, ao que parece, influenciadas por atores secundários no processo eleitoral – vide a denúncia de influência nefasta de empresários na disseminação de conteúdo falso.
Como o Brasil da ficção não é o mesmo da realidade, é preciso ver até que ponto a mentira vai prevalecer sobre a verdade. Na política, infelizmente, as mentiras sempre prevaleceram.
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