Na Bahia e Minas Gerais
A Polícia Federal realiza na manhã desta terça-feira (6) uma nova operação contra uma seita religiosa investigada desde 2011. A organização conhecida como "Comunidade Evangélica Jesus, a verdade que marca" é suspeita de manter fiéis em situação análoga à escravidão em propriedades rurais e empresas em Minas Gerais e Bahia, e ainda se apoderar de todos os bens das vítimas.
Pelo menos 13 pessoas foram presas, sendo oito apenas no Sul de Minas. Nove pessoas ainda estão foragidas, entre elas "Pastor Cícero", considerado o líder do grupo. Ele já havia sido preso em 2015. Dezessete estabelecimentos foram pré-interditados. A Operação "Canaã – A Colheita Final" acontece com apoio do Ministério do Trabalho e também cumpre 42 mandados de busca e apreensão.
Entre os alvos da operação estão investigados em pelo menos quatro cidades do Sul de Minas – Poços de Caldas, Pouso Alegre, Minduri e São Vicente de Minas. Em Poços de Caldas, o restaurante "Poços Grill" foi interditado pela Polícia Federal durante a manhã.
A gerente do estabelecimento foi presa no local. Ela seria a responsável pela seita na cidade. Além dela, foram presas duas pessoas em Pouso Alegre, Três em São Vicente de Minas e duas em Minduri. Em Pouso Alegre, foram interditados os restaurantes "Circuito das Águas" e "Café Bourbon".
Todos esses estabelecimentos seriam comandados pela seita religiosa. Conforme as investigações, os funcionários desses estabelecimentos eram fiéis que não recebiam pelo trabalho.
Segundo as investigações da Polícia Federal, mesmo após duas outras operações realizadas em 2013 e 2015, os líderes da seita continuaram a cometer crimes de exploração. A seita estaria em plena expansão, com novas fazendas sendo adquiridas em vários estados.
A promessa do grupo, conforme a PF, é que a "besta" estaria vindo e dentro das comunidades, todos estariam protegidos no dia do apocalipse. Em 2016, 43 pessoas ligadas à seita foram indiciadas pela Polícia Federal por crimes como lavagem de dinheiro e trabalho escravo. Os trabalhos também acontecem nas cidades de Contagem, Betim, Madre de Deus e Andrelândia (MG), além do estado da Bahia, em Ibotirama, Luiz Eduardo Magalhães, Wanderley e Barra, e São Paulo (SP).
Além de manter trabalhadores em condições de escravos, os líderes da seita religiosa são investigados por tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. As investigações apontaram que o grupo também conseguiu expandir investimentos para o estado do Tocantins, com exploração ilegal.
Com a terceira frase da operação nesta terça-feira, os investigados podem cumprir até 42 anos de prisão, em caso de condenação. Segundo a polícia, a operação é uma referência bíblica à terra prometida. O G1 tenta contato com os advogados da seita religiosa, mas até a publicação desta reportagem, ainda não tinha conseguido retorno.
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