João Bosco Leal* A cada fim de ano e início de um novo, milhares são os votos desejando felicidades, um ano novo maravilhoso, promessas de mudanças, recomeços e diversas outras formas de alterações são autopropostas.
Mas, na realidade, a única mudança real que ocorre entre o dia 31 de dezembro de um a no e o primeiro dia de janeiro de outro, é de uma mudança na data do calendário, como qualquer outra de todos os 365 dias do ano que passou ou do que se inicia.
Assim, nada mais lógico do que imaginar que todas essas felicitações e promessas poderiam ter sido feitas em qualquer um desses dias, mas, normalmente, não o fazemos. Todos os dias, de todos os anos, deixamos de fazer declarações de bem querer, amizade, amor a pessoas próximas, parentes, ascendentes ou descendentes e essas declarações poderiam ter mudado algo na vida delas ou nas nossas, em nosso relacionamento com as mesmas.
Na viagem da vida de cada um, existe a opção de ser o passageiro ou o maquinista do trem, que parará em muitas estações. Pessoas descerão, outras subirão, mas o maquinista continuará sendo o mesmo.
Em cada uma destas estações, teremos a oportunidade de conhecer novas pessoas e de nos despedirmos de outras, mas o maquinista provavelmente nem será visto, continuará sendo um desconhecido.
Entretanto, é este desconhecido que conduz todos os viajantes daquele trem. Ele pode acelerar mais ou menos, passar lentamente por locais onde existem belas paisagens, permitindo que sejam mais bem admiradas ou passar neste local em uma velocidade que praticamente nada poderá ser visto.
Como passageiro, você poderá se assustar nas curvas onde, da janela, só verá um precipício a seu lado, sem poder imaginar o que está por vir, se outra curva, uma reta ou até um descarrilamento. O maquinista, porém, tem outra visão. Enxerga onde pode acelerar mais ou menos, quando deve diminuir a velocidade ou mesmo frear repentinamente e quando se aproxima a próxima estação onde parará.
Se alguém estiver sentado ao seu lado poderá até conversar com ele, se apresentar, puxar assunto, mas na próxima estação, dele provavelmente se despedirá e nunca mais o verá. A viagem da vida também é como esta, só de ida, uma vez que - a não ser que tome novamente o mesmo tem e no mesmo trajeto -, você jamais voltará a ver aquela estação.
Perceberá, durante sua viajem, que deve mesmo se despedir das pessoas e dos locais por onde passa, pois só são parte daquele momento e já não farão parte do trecho posterior, não se encaixarão mais em nossas vidas.
Aproveite ao máximo cada pedaço da viagem, cada paisagem, diferença de tons, aroma, gota de chuva, alimento e cada inalação de ar puro. Tudo isso jamais se repetirá da mesma forma.
Assim, quando chegar à estação onde deverá descer, poderá nela desembarcar tranquilo, descansado e, senão com todos, com pelo menos a maioria dos seus sonhos realizados.
Uma mesma estrada sempre será diferente do dia anterior. Portanto, admire e usufrua de cada detalhe que a vida lhe proporciona. *Jornalista, escritor e empresário
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