por Mateus Coutinho e Ricardo Brandt | Estadão Conteúdo*Foto: Reprodução / Jovem Pan
Quinze dias após a presidente Dilma Rousseff ser reeleita no segundo turno da disputa presidencial em 2014, o ex-ministro da Casa Civil condenado no mensalão, José Dirceu, discutia com interlocutores petistas as indicações dos ministérios do segundo mandato da presidente e previa dificuldades para Dilma. As revelações foram encontradas em mensagens de whatsapp no celular do ex-ministro apreendido pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. "Tem que ser nomes com visibilidade e aceitação na sociedade em amplos setores de cada área, senão não acabará bem esse mandato", avaliou Dirceu em diálogo com a historiadora e militante petista Maria Alice Vieiras em 10 de novembro de 2014. Na época o ex-ministro ainda cumpria em regime domiciliar sua pena de sete meses e 11 anos de prisão por corrupção no mensalão e a ex-ministra e senadora Marta Suplicy estava prestes a deixar o Ministério da Cultura e, posteriormente, o próprio PT. Ex-assessora política do ex-ministro, Maria Alice conversava com ele sobre diversos assuntos políticos nessa época e também articulava o contato do ex-ministro com colegas e políticos. Na ocasião, eles conversaram sobre a saída de Marta da pasta e a possibilidade de ela deixar o PT para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2016, o que acabou ocorrendo. "Falei com Fernando sobre cultura e ele citou Samuel Guimarães… viu que Marta já fala em ir para outro partido, disputar a eleição em 16!!!", exclamou o ex-ministro. Dirceu também não poupa críticas ao PT no diálogo. "Por aqui o que se diz que ela no PT disputará prévias com Haddad, uma loucura. Porque mesmo que todos esses processos são tão mal encaminhados?", indaga Maria Alice. "Não acredito que o PT aceitará e cometerá de novo esse erro", responde o ex-ministro. "Ele e ela se desentenderam pelo visto, e muito, no passado…", segue o petista. O criminalista Roberto Podval, que defende o ex-ministro, afirmou que "Dirceu foi condenado no mensalão, mas não esta morto, o direito de atuar politicamente não lhe foi tirado, portanto, é obvio que o mesmo mantinha contatos com vários amigos e falava sobre política". O advogado lembra ainda que o próprio juiz Sérgio Moro, ao ser confrontado com os diálogos, apontou que eles não implicavam Dirceu em nenhuma irregularidade relacionada ao processo da Lava Jato do qual ele é réu. Em nota, Maria Alice Vieiras diz ser de conhecimento público que assessorou "José Dirceu desde o momento em que o mesmo resolveu defender-se publicamente. Além disso, fui responsável pelas atividades relacionadas à sua história política, recebendo pesquisadores, organizando palestras, realizando pesquisas para artigos e publicações e também sobre a geração de 68".
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