Heitor Cordeiro tem dois anos e nasceu com má-formação genética
Heitor Cordeiro é um menino de 2 anos que está entre as 508 crianças que frequentam, brincam e dão os primeiros passos na educação básica em uma creche municipal de Sorocaba (SP). Ele chama a atenção não só pelos cílios grandes, mas também por uma má-formação genética que o fez nascer sem os braços e com encurtamento nas pernas.
A deficiência o obrigou a usar os pés para substituir os movimentos que são tipicamente feitos com as mãos e, para se locomover, ele aprendeu a arrastar o quadril para, assim, poder "ir e vir" livremente.
Para que Heitor pudesse frequentar a escola, a mãe dele, Talitalinda Aparecida Ribeiro Cordeiro, de 24 anos, precisou conversar com a professora e com a equipe gestora da unidade que iriam recebê-lo. "Eu tive que contar sobre a rotina do meu filho e o seu desenvolvimento até então. É uma rotina normal", conta a mãe.
Depois desta conversa, os profissionaisda creche foram orientados e assim começou um processo de adaptação do Heitor na unidade. Um procedimento de adapatação também foi feito com as demais crianças no início da atividade escolar do menino.
No começo Heitor passou a ficar cerca de duas horas por dia na creche, sendo sempresupervisionado pela professora, Márcia Regina de Almeira, e da cuidadora exclusiva dele, Heloiza Antunes dos Santos, que tem formação em enfermagem.
A creche também conta com uma equipe multidisciplinar - formada por psicológo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e assistente social - que analisou o que Heitor precisa para se desenvolver. "Ele participa de todas as atividades, mas, é claro que nós tivemos que adaptar a turma à ele. Por exemplo, antes a gente fazia o momentopintura na mesa, agora fazemos no chão, já que o Heitor consegue pintar com os pés."
Nos primeiros dias de aula, Heitor se mostrou um pouco tímido e ficava sentado em um canto da sala observando o movimento dos colegas, que só querem saber de correr de um lado para o outro e mexer em tudo. Só que a timidez do menino não durou por muito tempo, já que as outras crianças o acolheram muito bem, sempre o chamando para brincar a todo momento. "Mais do que a integração, aqui nós queremos a verdadeira inclusão", frisa a professora.
Apesar de garantir que o menino foi bem aceito pelas demais crianças, Márcia conta que no início foi um desafio para ela ensinar as crianças a não terem um sentimento de dó ou pena de Heitor. "Já teve criança que me perguntou se o braço dele ia crescer, se ele ia aprender a andar com as pernas, dúvidas normais de uma criança dessa faixa etária", relembra.
Passada essa curiosidade inicial, agora as crianças costumam até imitar o Heitor durante as atividades. Elas chegam a pintar ou até a pegar objetos somente com os pés, segundo a professora. "Nós desenvolvemos várias atividades para tentar estumular a fala, o conhecimento das cores e formas geográficas. Ele está muito bem adaptado, come com as outras crianças, dorme e brinca normalmente".
Primeira experiência com aluno especial
A cuidadora Heloíza conta que, apesar de trabalhar há 10 anos na área, essa é a primeira vez que cuida de uma criança especial. "No começo, eu achei que seria difícil, mas hoje em dia percebo que me enganei. Ele se acostumou comigo muito rápido desde o primeiro dia e já criou uma confiança. Agora ele sempre me chama para tudo".
Durante todas as atividades realizadas no período de aula, Heloíza está sempre ao lado de Heitor. Ela o ajuda na hora de desenhar, o acompanha assistindo desenho, o leva até os brinquedos disponíveis em sala de aula, dá banho, troca as fraldas e também o alimenta. "Eu sempre fico atenta a todos os movimento do Heitor, mas também busco deixar ele solto na sala de aula para poder brincar com as outras crianças".
A má-formação de Heitor foi descoberta ainda na gravidez, quando Talita, como a mãe é conhecida, foi fazer um ultrassom, com três meses de gestação, para saber o sexo do bebê. "Foi aí que a médica falou que não estava conseguindo identificar os membros superiores do meu bebê e que os membros inferiores eram menores do que ideal para o tempo de gestação”, diz a mãe lembrando que, naquele momento, "perdeu o chão".
A médica a orientou a repetir o ultrassom depois de um mês para poder confirmar o quadro de má-formação que havia diagnosticado. Talitalinda optou por fazer a avaliação com outro médico, especialista em fetos, e, no dia do exame, não contou sobre o diagnóstico da médica anterior, mas mesmo assim a má-formação foi confirmada.
De acordo com o que o médico ortopedista explicou para os pais de Heitor, logo após o nascimento, o caso do menino é considerado um grau de má-formação raro. Por isso, Heitor é submetido periodicamente a sessões de fisioterapia e de terapia ocupacional, além de ter acompanhamento constante do médico ortopedista. Fonte: Com informações do G1 / Por: Illa Marinho
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