Mara Gabrilli (foto do PSDB-SP) está no início de seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, mas age como se fosse uma veterana. Foi ela quem protagonizou o pior momento da crise que enfrenta o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ameaçado por processo de cassação do mandato. Gabrilli fez parte da chapa de Cunha e é a titular da terceira secretaria da Casa. Publicitária e psicóloga, ela pegou pesado na última quinta-feira.
“O senhor está com medo, senhor presidente? O senhor não consegue mais presidir. Levanta dessa cadeira, por favor”, disse Mara Gabrilli de forma suave, sem levantar a voz, sem ser agressiva. Mas conseguiu provocar uma debandada do plenário que incluiu até deputados peemedebistas.
Se a deputada tucana de São Paulo deu o “grito” com tanta elegância, coube aos articuladores políticos da presidente Dilma Rousseff (PT) com assento em gabinetes no Palácio do Planalto optar por um silêncio “ensurdecedor”. Sabem que Eduardo Cunha ainda é um osso duro de roer e tem armas poderosas guardadas em sua gaveta.
Não foi à toa que, no mesmo dia, em entrevista coletiva, o presidente da Câmara dos Deputados anunciou que despachará os pedidos de impeachment de Dilma Rousseff ainda este ano. Antes, em conversas reservadas, havia dito que deixaria para o ano que vem. Daí o silêncio nos gabinetes palacianos próximos a Dilma. O recado foi bem entendido.
E cumpriu a promessa no mesmo dia. Despachou e mandou para o arquivo mais três pedidos de impeachment da presidente. Assim mesmo, a conta-gotas. É outro recado, porque o principal requerimento – o que foi protocolado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior – ainda continua no bolso do colete de Cunha. É aquele que tem apoio de partidos da oposição e de movimentos pró-impeachment. por Eduardo Homem de Carvalho
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