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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Juros consomem 8,45% do PIB do Brasil

Paulo Silva Pinto - Enviado Especial
Embora economistas apostem, predominantemente, na manutenção da Selic em 14,25% ao ano hoje à noite, quando terminará a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, essa estabilidade não vai livrar o Brasil de um prejuízo recorde: as despesas com juros atingiram R$ 484 bilhões em 12 meses em agosto, o equivalente a 8,45% do Produto Interno Bruto.

É um recorde mundial. Nem a Grécia, com uma megadívida, e, ainda por cima, insolvente, gasta tanto em proporção à sua economia. E há vários outros exemplos. Países europeus e o Japão, com débitos elevados, não enfrentam nem de longe o mesmo problema que o Brasil.

“Esse gasto é escandaloso. É o dobro do que o governo despendia há um ano”, alertou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. “Não deveria ser assim”, criticou o economista-chefe do Banco ABC, Luiz Otávio de Souza Leal. Perfeito avaliou que, paradoxalmente, a despesa poderia ser menor caso o Copom tivesse elevado a Selic na reunião passada para 14,5% ao ano. 

“A longo prazo, a expectativa para os juros baixaria, porque essa elevação aumentaria a confiança de queda na inflação do próximo ano.” A Selic a 14,25% terá de ser mantida por um período mais longo, na avaliação de Perfeito, do que seria necessário caso tivesse sido levada há alguns meses a um patamar mais alto.

Vários economistas apontam para o tamanho do gasto do governo com juros como um grande obstáculo para o BC subir a Selic, ainda que julgue necessário. O problema é que isso aumentaria ainda mais o rombo fiscal, com o risco de deteriorar ainda mais as expectativas para a situação do país no próximo ano ao invés de melhorá-las.

Em seu último relatório de inflação, a autoridade monetária admitiu que o IPCA deverá encerrar 2016 a 5,7%, bem acima, portanto, do centro da meta, de 4,5%. No ano passado, o BC se propôs a buscar o centro só no fim de 2016, exatamente para se livrar da obrigação de um choque monetário tão grande.

Diante da clareza de que nem mesmo isso será mais possível, há informações de que o órgão estuda uma nova estratégia, que lhe dê novamente alívio diante da impossibilidade de fazer o que se propõe. Há chances de que uma indicação disso saia no comunicado de hoje da reunião do Copom. Oficialmente, o órgão não comenta o assunto.

Souza Leal alertou para o fato de que, embora indesejável, a taxa no patamar que está não pode ser reduzida por uma decisão açodada. “Há quem argumente que seria uma solução levar a Selic para 10%, o que a igualaria à inflação, levando o juro real a zero. O problema é que isso faria o dólar aumentar muito, a inflação disparar, e, no fim das contas, forçaria o BC a elevar mais os juros à frente.” http://www.diariodepernambuco.com.br

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