por Suzana Inhesta | Estadão Conteúdo*Foto: Elza Fiuza/ Agência Brasil
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não quis falar sobre as acusações e xingamentos que recebeu do senador Fernando Collor (PTB-AL), nesta semana. "Não vou polemizar com pessoas que estou investigando. O que eu posso dizer é que há algum tempo que não advogo, mas continuo inscrito na OAB. E também não vou comentar nem sobre esse fato e nem contra a honra da minha mãe", falou. Ele também defendeu a delação premiada nas investigações de corrupção. "Não gosto da carga do nome delator, então prefiro chamar de colaborador. Ele não é um caguete, um X9, que fala mal do outro e sai bem na história. Ele também é condenado. A colaboração premiada não serve de prova, mas te dá todas as circunstâncias para o caminho da prova", declarou. Segundo ele, a colaboração premiada não é totalitária e não pode ser banalizada. "Vamos insistir nesse instrumento que é poderoso, republicano, democrático, espontâneo e deu certo em países como Inglaterra, França, Estados Unidos, Portugal. Com ele, diminuímos as tentativas e os erros", ressaltou. O procurador disse que hoje o acordo para quem faz colaboração premiada é pena, em termos de regime de cumprimento. "Antes fazíamos acordo de redução de pena", explicou. Janot também se declarou contra a redução da maioridade penal. "Acho contrassenso. Estamos na contramão da história, porque não será feito nada em segurança pública, devido à solução que vai estar dada", disse. Sobre a Operação Lava Jato, o procurador apenas comentou que até o momento há R$ 6 bilhões repatriados e/ou bloqueados em instituições financeiras. "Na Operação Lava Jato, a Petrobras não é autora de crime. Ela é vítima da ação dessas pessoas", ressaltou. Ele ainda comentou que a atividade do Ministério Público não tem nada a ver com política, nem partido, "nem panelaço". "Fazemos investigação técnica. Não fazemos investigação escolhendo acusados. As instituições brasileiras estão maduras e agem e reagem de forma profissional. Elas estão fortalecidas e aí fortalece também a República", falou, descartando a tese de que haja golpe com as investigações das operações contra a corrupção. Janot se mostrou otimista com o Brasil. "Olha o tanto que a gente evoluiu. Não dá, por uma circunstância de momento, achar que é o fim do mundo. São nesses momentos que a sociedade tem que se reafirmar. E a prova está nas outras graves crises que a gente superou. Eu não saio daqui (do Brasil) por dinheiro nenhum", falou.
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