Um jornalista econômico confessou nesta segunda-feira ter provocado pânico e desordem nas bolsas chinesas e gerado enormes perdas ao país, segundo um vídeo divulgado pela televisão estatal, quando as autoridades tentavam tranquilizar os mercados.
Wang Xiaolu, jornalista da revista Caijing, foi detido após a recente tempestade na bolsa chinesa pela difusão de notícias falsas sobre as ações e os mercados, segundo a agência oficial Xinhua.
Wang, em um artigo publicado em julho, afirmou que os reguladores do setor estudavam a possibilidade de uma saída do mercado dos fundos públicos.
Esta perspectiva de uma retirada prematura era suscetível de gerar grande incerteza entre os operadores, num momento em que Pequim atuava com força para estabilizar as bolsas, em particular mediante compras maciças de ações por parte de organismos públicos.
A Comissão chinesa de regulação de mercados financeiros (CSRC) desmentiu rapidamente as informações do jornalista, classificando-as de irresponsáveis.
O jornalista apareceu em um vídeo divulgado nesta segunda-feira pela televisão estatal CCTV confessando diante das câmeras que havia buscado deliberadamente dramatizar a situação.
"Não deveria ter publicado este artigo que impactou negativamente o mercado num momento muito sensível (...) Lamento profundamente", declarou.
Este tipo de confissão televisionada, inclusive antes de um julgamento, é uma prática habitual na China, onde a justiça está estreitamente submetida ao poder político.
Segundo a Xinhua, o jornalista confessou que suas falsas informações "provocaram pânico e desordem na bolsa, abalando seriamente a confiança dos mercados e infligindo enormes perdas ao país e aos investidores".
Missão de informar
A revista Cijing, reconhecida pela qualidade de suas investigações, afirmou em seu site que "defende o direito dos jornalistas de cumprir sua missão em conformidade com a lei".
Por sua vez, o jornal britânico Financial Times informa nesta segunda-feira que o governo chinês cessou efetivamente suas compras de ações e suas intervenções, endurecendo ao mesmo tempo a repressão contra as pessoas acusadas de desestabilizar os mercados.
O ministério da Segurança Pública anunciou durante o fim de semana que 197 pessoas foram "punidas por terem propagado rumores on-line" sobre vários temas, entre eles a queda das bolsas ou as recentes explosões de Tianjin.
Segundo a Xinhua, um dos rumores afirmava que um homem se lançou do alto de um edifício em Pequim devido à crise na bolsa.
Em julho, as autoridades imputaram a queda das cotações às "vendas a descoberto maliciosas" (vender uma ação que não se possui apostando em sua baixa) e anunciou a abertura de investigações.
Mas nem estas declarações, nem as intervenções maciças conseguiram tranquilizar os investidores, ou levar à recuperação das bolsas de Xangai e Shenzhen, que voltaram a cair na semana passada.
A Xinhua informou igualmente que foram detidos um responsável do regulador de mercados e outros quatro agentes de corretagem por infrações no mercado da bolsa.
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