Decisão foi tomada em reunião da Comissão Executiva Estadual da legenda nessa segunda-feira, 11; partido critica 'oportunismo eleitoral' de senadora
A executiva estadual do PT de São Paulo vai requerer na Justiça Eleitoral o mandato da senadora Marta Suplicy, que se desfiliou da sigla no dia 28 do mês passado, após 33 anos de militância. A decisão foi tomada por unanimidade pela Comissão Executiva Estadual do partido, em reunião realizada nessa segunda-feira, 11. "Após sucessivas recusas em dialogar com a direção do PT sobre as razões de suas supostas insatisfações, Marta formalizou sua desfiliação do partido movida unicamente por interesses eleitorais e desmedido personalismo", diz o presidente do diretório estadual do partido em São Paulo, Emídio de Souza, em comunicado divulgado na tarde desta terça-feira, 12.
Em defesa do partido, Emídio diz que o PT nunca cerceou as atividades partidárias ou parlamentares da senadora. "Ao contrário disso, Marta Suplicy foi sucessivamente prestigiada ao longo dos anos, com o apoio da militância e das direções, sendo eleita deputada federal, prefeita, senadora e nomeada duas vezes ministra de Estado".
A senadora, uma das fundadoras do PT, vinha de um processo de desgaste com o partido desde a campanha eleitoral de 2014, quando foi preterida na disputa pelo governo paulista
No comunicado, o presidente do diretório estadual diz ainda que o aperfeiçoamento da democracia passa pelo fortalecimento da fidelidade partidária e pelo respeito à vontade do eleitor. E volta a criticar Marta: "Os projetos pessoais e as conveniências do oportunismo eleitoral não podem se sobrepor aos projetos coletivos, que lhe dão abrigo, e nem deformar a vontade do eleitor expressa nas urnas."
Na carta em que pediu a desfiliação do PT, a senadora alegou que a sigla é reincidente em casos de desvios éticos e se disse constrangida com o "protagonismo" da legenda em "um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou". "Mesmo após a condenação de altos dirigentes, sobrevieram novos episódios a envolver a sua direção nacional", afirmou a senadora, referindo-se indiretamente ao mensalão, revelado em 2005, no governo petista de Luiz Inácio Lula da Silva, e ao escândalo de corrupção na Petrobrás, desbaratado em 2014, no governo de Dilma Rousseff. O texto de quatro páginas foi enviado às direções municipal, estadual e nacional da legenda.
Marta pretende concorrer à Prefeitura de São Paulo nas eleições municipais do ano que vem, numa disputa que deverá ter o antigo correligionário e atual prefeito Fernando Haddad (PT). A senadora, que já comandou a cidade de 2000 a 2004, já sinalizou que deve formalizar, em breve, a filiação ao PSB.
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