JOSÉ FUCS
Fernando Haddad, Lula e Dilma, na campanha eleitoral de 2012 (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
Mesmo quando o PT pretende agir dentro da legalidade, surge uma nova evidência sobre a forma inadequada de o partido lidar com o dinheiro público. Segundo uma informação publicada nesta terça-feira pelos jornais, Lula pediu a Dilma, num encontro realizado na sexta-feira, em Brasília, para que ela libere a bagatela de R$ 8 bilhões para o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Seu objetivo é tentar melhorar a popularidade de Haddad, hoje entre as piores em todo o país, e evitar uma derrota acachapante do PT na capital paulista nas eleições municipais de 2016. Da época
Sou paulistano “da gema”, nascido e criado em São Paulo, e é claro que gostaria de ver a cidade com recursos para realizar as grandes obras de que precisa (não necessariamente as que estão sendo propostas pelo “prefeito Suvinil”, entre as quais figuram 11 corredores de ônibus, 12 obras de prevenção a enchentes e 55 mil moradias populares). Ainda assim, não me parece nada republicano, para dizer o mínimo, que Dilma privilegie o seu correligionário Haddad na distribuição de verbas federais, por mero interesse eleitoral, enquanto outros municípios e estados da Federação estão à míngua, em decorrência da gastança irresponsável que ela promoveu no primeiro mandato.
Em meio ao esforço fiscal que o governo federal está realizando agora para reequilibrar as suas finanças e da conta salgada que está repassando para a sociedade, por meio do aumento de impostos e dos cortes de benefícios sociais e trabalhistas, o pedido feito por Lula a Dilma não faz nenhum sentido. Só para dar uma ideia do estrago, ele representa 50% a mais que toda a economia que o governo pretende fazer com a redução das desonerações da folha de pagamento das empresas e mais que a metade do que obterá com a racionalização nas áreas trabalhista e social.
Mais que tudo, o pedido de Lula é mais um exemplo perfeito, para quem ainda tinha alguma dúvida, das práticas eleitoreiras do PT e de seus líderes. Se houver uma chance de conseguir uma “boquinha”, para manter os companheiros e o partido no poder, é provável, muito provável, que ela será aproveitada ao máximo. Se Lula, que é o “grande timoneiro” do PT, dá um exemplo desses, não é de estranhar que o partido esteja submergindo nos mensalões e petrolões que pipocam por aí. Agora, para o quadro ficar completo, só falta Dilma assinar a transferência bilionária de recursos para Haddad.
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