O Brasil tem hoje maior resistência para enfrentar turbulências externas, mesmo depois de ampliar significativamente seu endividamento em dólar no ano passado, porque a maior parte dos débitos de curto prazo estão protegidos por operações de hedge. Essa é uma vantagem indiscutível, que traz, porém, uma desvantagem, segundo o Fundo Monetário Internacional o real não se desvalorizou quanto deveria pelos fundamentos da economia brasileira, pelo menos até dezembro de 2014. A extensão a partir de junho de 2014 do programa de swaps cambiais, lançado pelo Banco Central em agosto de 2013, tem parte de responsabilidade nisso. Para o FMI, considerando-se as relações entre a inflação doméstica e a de seus parceiros, o real precisa ainda se depreciar de 5% a 15%. Um dos motivos pelos quais o FMI é pelo desmonte gradual dos swaps cambiais, condicionado à situação dos mercados, é a de que ele já foi longe demais, isto é, mais que as intervenções do mesmo gênero realizadas no passado. Com estoque de US$ 110 bilhões, os swaps cobrem mais de 100% das dívidas de curto prazo em dólar, 60% da posição em dívida doméstica dos investidores estrangeiros e 35% da dívida externa das empresas não financeiras brasileiras. Ou ainda 20% de toda a dívida externa brasileira. As empresas são as maiores interessadas nos derivativos cambiais, com US$ 48 bilhões em swaps no fim de 2014, ou 44% do estoque remanescente. Os investidores estrangeiros têm posição de US$ 34 bilhões. (Valor)
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