Quase 70 anos após o fim da Segunda Guerra, o governo federal começou a indenizar este mês os "soldados da borracha", como ficaram conhecidos os retirantes recrutados no Nordeste para extrair borracha na Amazônia e abastecer a indústria bélica americana.
Cada soldado e descendente (são 11.900 ao todo), receberá indenização de R$ 25 mil até o fim do ano. Segundo a Previdência Social, o montante será de R$ 289 milhões. Com informações da Folha
Mais da metade dos beneficiários é do Acre (6.895), seguido pelo Amazonas (1.917).
História
Entre 1942 e 1945, mais de 50 mil pessoas desembarcaram na Amazônia com falsas promessas de fartura, benefícios trabalhistas e até pedaços de terra.
A mobilização foi orquestrada pelos EUA, impossibilitados de extrair borracha no sudeste asiático, sob domínio do Japão.
Terminada a guerra, em setembro de 1945, mais da metade dos seringueiros havia morrido na mata, ou durante as longas viagens entre o Nordeste e a Amazônia.
Recrutados com status de heróis de guerra pelo governo, eles jamais foram desmobilizados, ou levados de volta às suas cidades de origem.
Direitos
Atualmente, restam pouco mais de 5.000 ex-soldados vivos. A categoria busca os mesmos direitos dos brasileiros que lutaram na Europa.
Desde 1988, os "soldados da borracha" recebem dois salários mínimos – os ex-combatentes recebem sete salários, abono, assistência médica e outros benefícios.
Indenização
O valor a ser pago é fruto de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), promulgada pelo Congresso no ano passado.
"A indenização foi determinada como forma de reconhecimento pelo nobre serviço que esses trabalhadores prestaram ao país", disse o ministro Carlos Eduardo Gabas (Previdência).
Os ex-seringueiros, porém, ainda buscam reparação maior.
O Sindsbor (Sindicatos dos Soldados da Borracha e Seringueiros de Rondônia) pretendia obter R$ 800 mil para cada um e tem duas ações em andamento contra a União: por violação dos direitos humanos e exigindo direitos trabalhistas retroativos.
Em dezembro, a DPU (Defensoria Pública da União) ingressou com uma Ação Civil Pública contra a União – juntamente com a Defensoria Pública do Pará – que reivindica indenização de R$ 200 mil para cada ex-seringueiro, extensível aos dependentes. Segundo a DPU, o caso poderá ser levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
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