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terça-feira, 17 de março de 2015

Os recados de Sérgio Moro

THIAGO BRONZATTO
O juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba (Foto: Ricardo Borges/Folhapress)
Desde o início da Operação Lava Jato, o juiz federal Sérgio Moro, coordenador das ações, aproveita seus despachos para mandar recados e defender o trabalho dos investidores do petrolão. No despacho de prisão preventiva de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, divulgado nesta segunda-feira (16), Moro distribuiu bordoadas a partidos políticos e parlamentares envolvidos no escândalo do petrolão. “Mais grave ainda, embora esta parte dos crimes esteja sob a competência do Supremo Tribunal Federal, propinas também eram dirigidas a agentes políticos e a partidos políticos, corrompendo o regime democrático”, diz. “Com o levantamento do sigilo sobre os depoimentos prestados na colaboração premiada, foi revelado que dezenas de parlamentares, incluindo agentes políticos de destaque, teriam recebido valores decorrentes do esquema criminoso, parte para financiamento eleitoral, parte para enriquecimento ilícito pessoal”. Na semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criticou abertamente a lista do procurador-geral Rodrigo Janot, enviada ao Supremo Tribunal Federal.

Em outro trecho, Sérgio Moro afirma que há uma inversão de valores quando se critica a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a própria Justiça pelo rumo das investigações. “O policial que descobre o cadáver não se torna culpado pelo homicídio”, disse. Na semana passada, o presidente do Senado, Renan Calheiros, ligou sua inclusão na lista ao fato de Janot supostamente estar em campanha para ser reconduzido ao cargo de procurador-geral da República. “E a responsabilidade pelos imensos danos sofridos pela Petrobras e pela economia brasileira só pode recair sobre os criminosos, os corruptos e corruptores, incluindo os intermediários”, diz Moro. Nos últimos dias, representantes do PT e de centrais sindicais alinhadas ao governo promoveram atos “em defesa da Petrobras”, e relacionaram as denúncias a supostas tentativas de privatizar a estatal.

Em seu despacho, Moro ainda destaca que o principal prejudicado é o cidadão brasileiro, que sofrerá com o impacto da redução dos investimentos da Petrobras no crescimento econômico. Segundo levantamento feito pela consultoria Tendências, os investimentos da Petrobras representam atualmente 2% do PIB brasileiro. Com a redução dos desembolsos da companhia, as projeções para o PIB para este ano passarão de -0,5% para -1,2%, segundo a Tendências. http://epoca.globo.com

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