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Por Diego Ponce de Leon, no Correio Braziliense:
"Esbocei várias tentativas de iniciar e concluir este texto. Como falar sobre uma figura que permeia a memória afetiva de cada um de nós? Como descrever Roberto Bolaños e ilustrar a importância de personagens como Chaves e Chapolin? Pensei em cada palavra aqui exposta, na esperança de que possa ir ao encontro do sentimento do leitor, que, como eu, padece diante da morte de um de nossos mais queridos heróis.
Nunca o conhecemos pessoalmente, mas era como um amigo. Dos melhores. Nada como chegar de um dia cansativo e se deparar com Chaves na telinha. Ou lembrar de quando imitávamos Chiquinha, Professor Girafales, seu Barriga, Kiko, seu Madruga... Quem nunca pensou em passar férias em Acapulco? Quem nunca disse: ´Não contavam com minha astúcia`? Quem nunca teve medo da casa da Bruxa do 71?
Se me permitem, em vez de relembrar a trajetória de Bolaños (que pode ser conferida em todos os obituários publicados), prefiro compartilhar um momento pessoal. Peço perdão pela quebra de protocolo, mas não conseguiria me expressar de outra forma.
Assim que eu soube da morte do ator, contei para minha esposa. O mesmo se deu em outras ocasiões, como no falecimento de Robin Williams, Ariano Suassuna ou Hebe Camargo. Desta vez, no entanto, foi diferente. Era como se eu comunicasse a perda de um ente próximo. `Nossa, toda minha infância, minha adolescência...`, ela retrucou. Depois ficou em silêncio, refletindo. Estava claramente emocionada. E eu também.
Juntos, viramos para nossa filha, de 1 ano e nove meses, que não tinha ideia do que acontecera. Olhamo-nos de tal maneira como se disséssemos: ´E ela? Não irá vê-lo? Não irá se divertir com Chaves e Chapolin?`. Vai sim.
Como todo pai, espero que ela possa crescer como exemplo de bondade e generosidade. E vou sempre saber que Roberto Bolaños tem tudo a ver com isso. É esse o seu legado. Hoje, ele se vai. Mas a obra fica, para o bem da nossa e da próxima geração. Isso, isso, isso!"
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