Um flanelinha de Brasília inovou ao adotar máquinas de débito e crédito para receber gorjetas dos clientes no estacionamento onde trabalha há 27 anos, no Setor Hoteleiro Norte, na capital federal. O piauiense Edinaldo dos Santos, que diz ser mais conhecido na região do que “nota de R$ 1”, vai todos os dias para o estacionamento no próprio carro e afirma ter uma renda de R$ 6 mil por mês.
No Distrito Federal, a atividade de guardador e lavador de carros é regulamentada desde 2009. O flanelinha, porém, não pode obrigar o motorista a pagar pelo serviço. Ele pode atuar em "área externas, públicas, destinadas a estacionamento". "O guardador deve ser habilitado por órgão de trânsito para que possa efetuar manobras utilizando automóvel deixado em sua guarda."
Santos chegou a Brasília aos 18 anos, em busca de emprego. O irmão trabalhava como taxista e sugeriu que ele lavasse carros no centro da capital. O trabalho, que era para ser apenas um bico, já dura quase três décadas. Nesse período, Santos se casou, teve quatro filhos e comprou uma casa em Planaltina de Goiás que, segundo ele, é avaliada em R$ 400 mil.
A máquina de cartão custou R$ 800 e foi comprada em várias parcelas, há seis anos. Santos diz que passa até R$ 1 nela, se for preciso. "As taxas são boas, 1,5%, desconta na hora. Também aceito tíquete-refeição", diz. "Tenho ainda uma máquina de recarga de celular. Ganho 4% do que vendo."
O carro de Santos, avaliado em R$ 16 mil, funciona como seu escritório. É nele que o flanelinha guarda notas fiscais, recibos de transações, máquinas de cartão de crédito, chips de celular e o alvará de funcionamento da lanchonete que ele iniciou há alguns anos, no próprio veículo.
Para ajudar na venda de lanches, Santos contratou uma funcionária, que prepara e leva para os clientes misto-quente, pão de queijo, bolo, tapioca, café. "Meus clientes são funcionários de hotéis, churrascarias, taxistas. Os funcionários de uma rádio também comem meu lanche e fazem até propaganda ao vivo da 'Edilanches", conta.
O flanelinha também tem uma Kombi, que comprou por R$ 10 mil. O veículo é usado para guardar material usado na lavagem de carros. "Lavo sozinho cerca de 20 carros por dia, a R$ 20 cada", disse. "Busco em casa e devolvo, se for preciso."
Ser conhecido e ter a confiança de motoristas em uma área valorizada não é para qualquer um. “Não é fácil, não. Se chegar um estranho aqui, não arruma nada. Tem que ter conhecimento, ninguém vai jogar a chave na sua mão", afirma. “Ninguém entra assim. A gente não deixa também. A gente fala, 'olha cara, a gente já está cuidando aqui', e eles entendem. Não chega nem a ter disputa."
Santos conta que em uma única ocasião teve o "território ameaçado". "Uma vez fui para o Nordeste visitar meu pai, e quando voltei tinha um cara aqui estranho. Na época, falei com o policial que ele não queria sair, e o próprio PM pediu para ele sair daqui numa boa, que aqui quem estava era eu, há muitos anos. Ele disse que não, que não tinha ponto para trabalhar, mas o policial não deixou. E aí ele foi embora."
O flanelinha trabalha de segunda a sábado, das 6h às 20h, e afirma que não pretende se aposentar tão cedo. Segundo ele, os dois irmãos, de 24 e 48 anos, estão desempregados e também estão trabalhando como flanelinhas no local. Eles tiram até R$ 140 por dia lavando carros. Fonte: Com informações do G1
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