REDAÇÃO ÉPOCA, COM AGÊNCIA EFE
A primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra, cumprimenta jornalistas em conferência onde diz que vai cumprir a ordem da Justiça que determinou sua destituição do cargo (Foto: Sakchai Lalit/AP)
O Tribunal Constitucional da Tailândia decidiu nesta quarta-feira (7), por unanimidade, destituir a atual primeira-ministra do país, Yingluck Shinawatra, derrubando um governo que enfrentava forte pressão e protestos populares desde novembro do ano passado.
Yingluck foi condenada por abuso de poder em um caso de nepotismo. Quando assumiu como primeira-ministra, ela transferiu o chefe de Segurança Nacional, que havia sido apontado pela oposição, para outro cargo, nomeando para o posto seu próprio cunhado. Para os juízes do tribunal, a manobra foi rápida e "sem princípios morais".
Em um discurso emocionado, Yingluck aceitou a decisão da Corte e disse que deixará o cargo. Mas o julgamento está sendo fortemente criticado pelos aliados do governo, que acusam a Corte de promover um "golpe de Estado" virtual. Esta é a terceira vez que os tribunais tailandeses decidem pelo impedimento de um primeiro-ministro, todos do mesmo partido de Yingluck.
Além da cassação de Yingluck, o tribunal determinou que o governo coloque em prática o plano de eleições antecipadas para o dia 20 de junho. As eleições, propostas pela própria Yingluck para tentar conter os ânimos dos manifestantes, não foram bem recebidas pela oposição. Além disso, muitos dos manifestantes não defendem a democracia, e sim a volta da família real ao poder. As eleições antecipadas ainda não foram formalizadas pelo governo, e não está claro se os manifestantes permitirão o pleito - na última tentativa de eleições, os manifestantes impediram províncias inteiras de votar.
Yingluck pode perder os direitos políticos
A primeira-ministra destituída também é julgada em outro caso pelos tribunais tailandeses. Ela é investigada pela Comissão Anticorrupção do país por má administração de um controverso plano de subsídio a produtores de arroz. Segundo as denúncias, o plano de subsídios facilitava a corrupção no setor. Se condenada neste caso, ela pode ser forçada a deixar o Senado e perder os direitos políticos por cinco anos.
Tensão política na Tailândia
Desde novembro do ano passado, manifestantes bloqueiam ruas e avenidas de Bangcoc contra o governo. A crise política de agora é um eco dos acontecimentos em 2006. Naquele ano, o Exército deu um golpe de Estado e tirou Thaksin Shinawatra do poder. Empresário bilionário e líder de uma das famílias mais poderosas do país, Thaksin era acusado de abuso do poder político e corrupção. Ele foi condenado a dois anos de prisão e vive atualmente em um autoexílio. Sua popularidade no país, entretanto, continua alta, a ponto de sua irmã, Yingluck, ter sido eleita primeira-ministra em 2011.
No final do ano passado, o partido de Yingluck tentou aprovar uma controversa lei de anistia que abriria as portas para a volta de seu irmão ao país, em liberdade. A lei foi o estopim para o movimento que tomou as ruas de Bangcoc. Os opositores acusam o clã Shinawatra de corrupção, dizem que Yingluck permite que o irmão governe do exílio (baseado em uma mansão em Dubai) e que eles só se mantêm no poder por compra de votos dos mais pobres.
Para aumentar a crise, há a realeza. O rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, já está no fim da vida, aos 86 anos. Muitos tailandeses apoiam a família real e acreditam que o governo atual esteja minando a influência da monarquia no país.
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