Cleide Carvalho,Tiago Dantas - O Globo
SÃO PAULO - O volume de água armazenado no reservatório da Cantareira, que abastece 9 milhões de pessoas na capital e na região metropolitana de São Paulo, voltou a cair e chegou a 8,9% da capacidade. A queda, desde o início deste mês, é de 1,6 ponto percentual. No dia 1º de maio, a água correspondia a 10,5% da capacidade. Em função da nova queda, a partir do próximo dia 15, deverá começar a ser usado o chamado volume morto, que possui 200 bilhões de litros de água, capaz de atender ao consumo de quatro a seis meses.
De acordo com informações do site da Sabesp, a pluviometria acumulada nos primeiros 11 dias de maio é de apenas 0,6 milímetros (mm) - a média histórica do mês é de 83,2 mm. No dia 11 de maio do ano passado, também havia chovido pouco no início de maio (2 mm), mas o volume de água no Cantareira correspondia a 61,5% de sua capacidade.
Desde fevereiro, cinco bairros da Zona Leste de São Paulo (Penha, Ermelino Matarazzo, Cangaíba, Vila Formosa e Carrão), antes abastecidos pelo reservatório da Cantareira, que fica na Zona Norte, passara a receber água do Sistema Alto Tietê. Também foram retirados do sistema Cantareira os bairros de Vila Olímpia, Brooklin (zona sul) e Pinheiros (zona oeste).
A medida também fez reduzir significativamente o volume de água armazenado no sistema Alto Tietê. No início de fevereiro, a água correspondia a 44% da capacidade do reservatório. Neste domingo, o percentual era de 33,8%.
A situação é melhor nos demais reservatórios que abastecem a Grande São Paulo. No Guarapiranga, o volume corresponde a 75,2% da capacidade. No Alto Cotia, a 47,6%.
Não há previsão de chuva nos próximos dias, segundo a Climatempo Meteorologia. Entre os dias 22 e 24 de maio, uma frente fria pode provocar chuva em todo o estado de São Paulo. Está previsto até 40 milímetros de chuva - a média de precipitação no mês de maio é de 83 milímetros. Como ainda não choveu, é possível que a média não seja atingida.
Nos últimos dois meses, porém, a quantidade de chuva ficou dentro do esperado, segundo a meteorologista Aline Tochio. Em março, choveu 193 milímetros, enquanto a média é de 184, Em abril, a precipitação foi de 85 milímetros, para uma média de 89.
O governo do Estado, por ora, nega a possibilidade de fazer racionamento de água. Desde 2000, a região metropolitana sofreu três vezes com a medida, tomada em situações em que, de acordo com a Sabesp, a falta de chuva deixou os reservatórios com pouca água.
Em junho de 2000, moradores de bairros da zona sul da capital paulista abastecidos pelo sistema Guarapiranga conviveram com o rodízio por quatro meses. As casas recebiam água por dois dias e depois ficavam sem receber por um. A medida afetou cerca de 3 milhões de pessoas.
Em abril de 2001 teve início um racionamento para moradores de bairros da zona oeste da capital e dos municípios de Cotia, Embu, Itapecerica da Serra e Vargem Grande Paulista, abastecidos pelo Sistema Alto Cotia, que registrava níveis baixos. Ao longo de nove meses, cerca de 300 mil famílias ficaram no esquema de 40 horas com água e 32 sem abastecimento.
Um novo racionamento de três meses teve início em outubro de 2003, quando os níveis dos reservatórios Alto Cotia e Guarapiranga foram considerados críticos. Cerca de 440 mil residências foram afetadas. No fim daquele ano, o nível do sistema Cantareira ficou abaixo de 2%, mas, mesmo assim, o racionamento não foi adotado.
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