A população brasileira tem engordado nas últimas décadas. Em 1974, a primeira pesquisa sobre o tema feita pelo Ministério da Saúde mostrou que 28% dos brasileiros estavam acima do peso, e, destes, 3% eram obesos. Quase 40 anos depois, mais da metade da população no país está com excesso de peso, e a obesidade atinge 17,5% desse grupo. Em 2013, a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde nas capitais do país desde 2006, apontou que 50,8% da população está acima do peso. Em média, desde 2006 – quando o número de brasileiros com excesso de peso era de 42,6% – houve um crescimento de 1,3 ponto percentual por ano. Mas, em 2013 o índice se manteve estável em relação ao ano anterior, quando havia ficado em 51% de excesso de peso e 17,4% de obesidade. "Estamos fazendo uma transição nutricional, assim como grande parte da população global. Porém, a diferença é que ela ocorre muito mais rápida no Brasil. A boa notícia é que esse crescimento, que vinha de forma contínua e sustentável, diminuiu nesse último ano. Logicamente precisamos de um período mais longo para saber como vai ser o comportamento", conta a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde do Ministério, Deborah Malta. Esse aumento no peso está diretamente relacionado a mudanças no estilo de vida do brasileiro. Com a urbanização e a modernização da sociedade, as pessoas passaram a ter menos tempo para cuidar de sua alimentação e, consequentemente, da saúde. O consumo de calorias aumenta, e a prática de atividades físicas diminui. "A alimentação não funciona mais só para atender as demandas biológicas, mas também as sociais, simbólicas e culturais. E a indústria, ao oferecer uma série de práticas, não só do ponto de vista de ter alimentos de fácil preparo, atende uma demanda real que é da própria vida. Ficamos quase 10 ou 12 horas fora de casa, chegamos cansados e não temos tempo para cuidar da alimentação", afirma Denise Oliveira e Silva, coordenadora do Programa de Alimentação Nutrição e Cultura da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília.
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