O senador Fernando Collor (PTB-AL) usou a tribuna do Senado, segunda-feira (28/04), para comemorar o julgamento da ação penal pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em que ele era acusado de corrupção passiva, peculato e falsidade ideológica. Na última quinta (24/4), o parlamentar foi absolvido pelo STF. No discurso, ele disse que a decisão da corte não apenas alivia as angústias que ele sofria há 23 anos, mas permite reescrever a história do Brasil, referente ao período em que ele passou na presidência da República.
“Estou absolvido de todas, absolutamente todas as acusações. A ninguém é mais dado o direito, salvo por reiterada má fé, de dizer o contrário. Todavia, depois de mais de duas décadas de expectativas e inquietações pelas injustiças cometidas em relação a mim, cabe agora perguntar: quem poderá me devolver tudo aquilo que perdi, a começar pelo meu mandato presidencial?”, questionou Collor. Fonte: Congressoemfoco.
A nossa Suprema Corte é muito claudicante, mas devemos respeitá-la. Agora o Collor se acha o injustiçado número um do Brasil. Só que ele se esquece das angústias dos milhões de poupadores honestos brasileiros, que foram lesados pelo Plano Collor. Esses, sim, tiveram prejuízos irreparáveis, pois o confisco refletiu dentro de suas casas, de seus negócios e de suas vidas. Muitos desses confiscados morreram antes do tempo porque suas economias para pagar despesas familiares e de saúde estavam bloqueadas, e, no desespero, apelaram para os suicídios e outras infelicidades. Por outro lado, Collor também se esquece de que não foi eleito e nem cassado por decisão do STF, mas por seus representantes legais em votação aberta no Congresso Nacional, que, depois de uma CPI que desnudou a corrupção em seu governo, se decidiu por seu impeachment, em 1992.
Se o Collor tivesse dimensão do prejuízo causado aos cidadãos, que tiveram os seus ativos financeiros bloqueados, era para ele nunca mais ter voltado para política. Collor só é senador porque os incautos eleitores brasileiros - com pouca cultura (política) e obedecendo ao imoral voto obrigatório, trocado por qualquer moeda ou promessa - lamentavelmente, não têm memória e elegem qualquer candidato.
O senador Collor não está absolvido de todas as acusações, pois ainda restam as irrogações daqueles que foram prejudicados por sua política governamental confiscatória. Alguns ainda buscam os seus direitos na Justiça. Mas existem outros prejudicados que morreram em consequência do confisco.
Cabe agora perguntar ao senador Collor: quem devolverá a vida daqueles que se suicidaram por causa do Plano Collor?
Júlio César Cardoso
Bacharel em Direito e servidor federal aposentado
Balneário Camboriú-SC
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