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sexta-feira, 15 de março de 2013

Venezuelanos dizem adeus a Chávez no último dia na capela ardente

Mulher faz homenagem a Chávez no rosto. Foto: © AFP Leo Ramirez
Durante todo o dia e toda a noite desta quinta-feira, centenas de milhares de venezuelanos passaram durante nove dias diante do caixão com os restos mortais do presidente Hugo Chávez.


"Hoje é o último dia aqui. Não vim me despedir, vim jurar lealdade a ele", disse à AFP Félix Rodríguez, na capela ardente da Academia Militar.

De uniforme verde oliva e sua emblemática boina vermelha, Chávez, que morreu no dia 5 de março, vítima de um câncer, permanece no caixão de madeira no salão de honra, constatou uma jornalista da AFP.

"Eu o achei lindo, como sempre, embora esteja um pouco inchado. Vim aqui assim, de muletas, porque tenho que me despedir de meu Comandante. Ele nos colocou no caminho para que despertássemos", disse Yosmir Romero, de 42 anos, que perdeu uma perna em um acidente.

Nem Yosmir nem ninguém ali, nas imediações da Academia Militar, veste luto. Todos usam o vermelho emblemático do chavismo. A afluência é contínua e há um ambiente de festa revolucionária no local.

-- Ao Quartel de La Montaña --

Os restos permanecerão até a madrugada desta quinta-feira na capela ardente e na sexta serão conduzidos em cortejo fúnebre pelas grandes avenidas de Caracas, para o Museu da Revolução, antigo quartel de onde lançou, no dia 4 de fevereiro de 1992 o fracassado golpe de Estado que sete anos depois o levou ao poder.

O presidente em exercício Nicolás Maduro, que Chávez designou como seu herdeiro político e candidato governista três meses antes de morrer, vai liderar o cortejo ao lado do mandatário boliviano, Evo Morales.

O caixão ficará no quartel de La Montaña, localizado no bairro 23 de Janeiro, reduto do chavismo, enquanto as autoridades decidem se será levado ao Panteão Nacional, onde está o túmulo com os restos de libertador Simón Bolívar.
"Venho dar o último adeus ao meu presidente. Ele me deu uma casa, e para as minhas filhas, um computador e o estudo. Agora vamos acompanhar Maduro, porque assim ordenou meu Comandante", disse Dayana Navarro, de 35 anos, vinda do estado de Zulia, na fila prestes a entrar no salão com um cartaz vermelho que com letras brancas indicava: "Agora, mais do que nunca, com Chávez".

Cercado por uma guarda de honra, com a réplica da espada de ouro de Bolívar, uma foto de um Chávez sorridente atrás, envolto por coroas de flores, coberto com a bandeira venezuelana, o caixão foi por mais de uma semana o epicentro deste país.

Mais de 30 chefes de Estado e de Governo prestaram suas homenagens no funeral de Estado na sexta-feira passada, e Maduro tomou posse simbolicamente e presidiu conselhos de ministros.

"Os esquálidos (como eram chamados os opositores de Chávez) dizem que nos pagaram para estar aqui. Isso é mentira. Não importam as horas, não importam os dias, estou aqui para vê-lo. Amanhã vou com ele até o quartel", disse Yoelis Torres, de 40 anos, que chegou desde Puerto Ordaz (sudeste).

Fervor revolucionário

Ao som de arpas, seus seguidores homenagearam o líder com serenatas de música tradicional da região onde nasceu Chávez e recitaram poemas. Choraram, cantaram, se ajoelharam e fizeram saudações militares.

O luto, a festa e a campanha eleitoral, que terá a disputa entre Maduro e o opositor Henrique Capriles, se fundem nas ruas e praças nas imediações da Academia Militar, onde são vendidos fotos, chaveiros e camisas com as frases e a face do presidente falecido.

"Chávez vive, a luta continua", "Chávez te juro, meu voto é para Maduro", "Chávez não morreu, se multiplicou", gritavam alguns os seguidores nas filas.Apesar de ter dito que o corpo seria embalsamado, como Lenin e Mao Tse-tung, Maduro admitiu que será "bastante difícil", porque os procedimentos deveriam ter começado antes.

"Não importa se vão embalsamá-lo ou não. É um líder não apenas dos venezuelanos, mas de toda a América Latina. Não morreu. Antes havia apenas um Chávez, agora há milhões", disse à AFP em voz baixa Félix Rodríguez, pedreiro de 42 anos, na fila, segundos antes de passar pelo caixão. AFP - Agence France-Presse

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