Escrito em 22 março, 2013 por Alberto Goldman
As matérias divulgadas hoje pela imprensa colocam diante de nós a seguinte questão: quais são os limites éticos da ação de um ex presidente da República? É aceitável, moralmente, que o ex presidente Lula transite, após o término de seu mandato, pelos países com os quais estabeleceu relações mais próximas, representando empresas brasileiras, por conta dessas empresas e delas recebendo honorários?
Durante o seu mandato de oito anos, Lula esteve viajando pelo mundo, em princípio, para aprofundar as relações econômicas e políticas com diversos países, em geral, países pobres e sub desenvolvidos. Até aí, nada a objetar. Não poderia, porém, em tese, usar de sua condição de Presidente e líder de uma Nação emergente para privilegiar qualquer empresa, especificamente. Vale dizer, seu papel institucional seria mostrar as competências do nosso país e o modelo que, no plano de nossa economia, foram importantes para o nosso desenvolvimento, sugerindo aos países visitados o estabelecimento de relações mais próximas, sem qualquer beneficiamento a qualquer empresa em particular. Certamente, como sabemos, não se limitou a isso. Sempre que pode, apresentou empresas determinadas, em função de suas relações mais íntimas. Já então cometeu deslizes imperdoáveis que não são aceitáveis em um chefe de Estado. Usou de seu poder e de sua influência para beneficiar interesses privados.
Essas viagens eram feitas por conta do erário público brasileiro, sem que o presidente recebesse qualquer remuneração adicional. Agora é diferente. Faz as viagens por conta das mesmas empresas que, de alguma forma, beneficiou, recebendo uma remuneração por esse trabalho que faz, não como um cidadão qualquer, mas como alguém que mantém, não só relações íntimas com o atual governo pelo qual é responsável mas que, também, com ele divide o poder real. Isto é, dá sequencia ao papel que exercia institucionalmente – e de forma indevida – para se apropriar, financeiramente, de resultados que só foram possíveis pela sua ação pessoal no exercício de um mandato que o povo lhe deu, não para beneficiá-lo, mas para governar o país.
Não há qualquer impedimento do ponto de vista jurídico a essa forma de agir. Mas, sem dúvida, mostra o caráter e a personalidade do ex presidente que usa do prestígio que tem no seio do povo para promover seu próprio enriquecimento. É moralmente inaceitável. Alberto Goldman / http://jorgeroriz.wordpress.com/
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