JOSÉ GABRIEL NAVARRO / http://www.jt.com.br/seu-bolso/
Antes de adquirir um cartão de crédito, é melhor pesquisar os juros praticados no mercado: uma operadora pode cobrar taxa até cinco vezes maior do que outra. Os porcentuais variam de 2,88% a 14,9%, conforme o levantamento feito pelo JT na semana passada. O primeiro índice, mais baixo, foi apresentado pelo Banco do Brasil (BB). O maior, pelo Bradesco.
Mas as médias podem variar bastante dentro de uma mesma instituição financeira, a depender da avaliação que a empresa fizer do cliente. No HSBC, a taxa para o Clássico Open Card começa em 2,92% e pode quintuplicar, alcançando os 14,69%. No Itaú, os juros podem subir 2,5 vezes, indo de 3,85% a 9,9%. No Bradesco, que apresentou a taxa mais alta, os juros podem cair pela metade, para 6,9%.
“Existem dois fatores que explicam essas diferenças tão grandes”, diz o professor da escola de economia da Fundação Getulio Vargas em São Paulo (FGV-SP) Samy Dana. “O primeiro é a falta de concorrência desse setor no Brasil. A competitividade em outros países é mais acirrada e evita preços exorbitantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, os bancos têm lideranças regionais, não nacionais, o que dificulta abusos.”
“O segundo fator”, continua o especialista, “é a falta de informação financeira entre os clientes, o que cria uma atitude bastante oportunista por parte dos bancos. O que vende crédito por um juro mais baixo também tem lucro. Muitas vezes, as pessoas nem sabem quanto pagam de taxas, o que possibilita essa anomalia”.
Comparando condições
Diante de variações tão grandes, a solução mais imediata e eficaz para o consumidor é pôr lado a lado os juros oferecidos para eleger um banco. “É possível adquirir um cartão de bancos menores, ou mesmo regionais, sem problema ou risco grande”, sugere Dana.
Já o professor de economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap) Eric Brasil acredita que é mais fácil encontrar juros baixos nas maiores instituições financeiras. “Acho difícil que seja vantajoso sair dos grandes bancos. Eles próprios, inclusive, têm variedade de taxas. Se você encontrar um banco médio com uma taxa que compense pode ser um bom negócio, mas penso que os maiores bancos têm mais cacife para manter juros menores de forma permanente.
Eric Brasil, no entanto, reforça a importância de pesquisar condições antes assinar o contrato. “Se um banco cobra juros de 15%, é porque ele sabe que há consumidores que aceitam. Mesmo depois que a pessoa já tiver um cartão, deve de novo verificar os juros no mercado. O ideal é fazer essa checagem a cada seis meses ou uma vez por ano, e conhecer não só juros, mas tarifas de manutenção, de anuidade, entre outras.”
A Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços informou em nota enviada ao JT que “não exerce controle sobre a política de concessão de crédito das empresas associadas. As taxas de juros dos cartões são definidas a partir de critérios específicos da estratégia de gestão comercial de cada emissor, seguindo a livre concorrência”. ::
Nenhum comentário:
Postar um comentário