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terça-feira, 3 de abril de 2012

PESCA: Doação 'nunca devia ter ocorrido', diz novo ministro

Lanchas compradas pelo Ministério da Pesca estão paradas há cerca de um ano numa marina de Florianópolis (SC), sem proteçãoO ministro da Pesca, Marcelo Crivella, criticou ontem o pedido de doação eleitoral que um empresário que tem contrato milionário com a pasta disse ter recebido de um funcionário do ministério nas eleições de 2010.
"Minha opinião é a opinião de todo o Brasil. Isso não deveria nunca ter ocorrido", disse Crivella, depois de uma reunião com o setor pesqueiro, em Florianópolis.
A visita a Santa Catarina, onde fica a empresa Intech Boating, de José Antonio Galízio, que revelou o pedido de doação, foi a primeira agenda oficial de Crivella após o empresário ter dito que doou R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT-SC em 2010.
À época, a candidata a governadora pelo partido era Ideli Salvatti. Derrotada, ela virou ministra da Pesca e hoje chefia as Relações Institucionais. O PT catarinense comandou a Pesca desde a criação da pasta, em 2003, até a saída de Ideli, ano passado.
Depois dela, assumiu Luiz Sérgio (PT-RJ), que classificou o pedido doação como "malfeito". Desde o início de março, Crivella, senador pelo PRB-RJ, é o primeiro não petista ministro da Pesca.
Apesar de ter criticado o pedido de dinheiro, Crivella afirmou ter encontrado na pasta "muitas coisas boas" feitas pelo petista Altemir Gregolin, que era ministro quando teria sido pedido o dinheiro à Intech Boating.
O Tribunal de Contas da União aponto superfaturamento e direcionamento da licitação para fornecer 28 lanchas no valor de R$ 31 milhões ao Ministério da Pesca. A empresa e Gregolin negam.
O ministro disse que o petista tem "todo o direito de defesa" no caso. E acrescentou que a compra de barcos "nada tem a ver" com a arrecadação de fundos.
"Nós devemos dar a ele [Gregolin] todo o direito de defesa. Acredito que seus argumentos vão esclarecer tudo", afirmou Crivella.
O ministro também disse que Ideli "não tem nada a ver com isso".
EX-MINISTRO
À Folha, Gregolin afirmou que nunca pediu doação quando ministro. "Também nunca autorizei nem tomei conhecimento de pedido dentro do ministério", disse.
Em um primeiro contato, o petista disse que não comentaria a frase de Crivella. Minutos depois, telefonou à reportagem e corrigiu: "Se tiver havido isso [pedido], ele [Crivella] tem razão".
Primeiro ministro da Pesca, o presidente do PT-SC, José Fritsch, negou saber de pedidos de doações.
No sábado, o empresário Galízio disse que foi procurado por um funcionário do ministério, cujo nome diz não lembrar, que teria afirmado: "Você, como parceiro, como fornecedor, poderia fazer doação". Só depois alguém do PT-SC teria insistido.

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