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quarta-feira, 2 de março de 2011

MUNDO:Bento XVI>>não foi "o povo" judeu que condenou Jesus

O Papa Bento XVI diz que não foi "o povo" judeu em seu conjunto o responsável pela morte de Cristo, no segundo tomo de seu mais recente livro, que teve extratos publicados pelo Vaticano nesta quarta-feira.
Na obra erudita intitulada "Jesus de Nazaré, segunda parte. Da entrada em Jerusalém à Ressurreição", o papa levanta a questão: "Quem eram precisamente os acusadores" de Cristo?
Ele destaca que a expressão "os judeus" empregada por João, o Evangelista, "não indica de nenhum modo o povo de Israel como tal" e "ainda menos tem um carácter +racista+" porque João "era israelita, como Jesus e todos os seus". A expressão "tem um significado preciso e rigorosamente limitado" e define "a aristocracia do Templo", destaca Bento XVI.
O papel dos judeus na morte de Cristo esteve na origem das grandes tensões entre as duas religiões, com os judeus tendo sido tratados de "deicidas" durante vários séculos pelos católicos. O Concílio Vaticano II (1962-1965) eximiu o povo judeu de toda a responsabilidade na crucificação de Jesus.
"Diz-se com frequência que os Evangelhos, devido a uma tendência favorável aos romanos, por motivos políticos, teriam apresentado (Pôncio Pilatos) de forma mais positiva, lançando progressivamente sobre os judeus a responsabilidade pela morte de Jesus", observa Bento XVI.
Uma associação de sobreviventes do Holocausto felicitou-se com esta visão dos fatos, considerando, em comunicado, que estamos vivendo um "momento importante" nas relações entre católicos e judeus.
Este "repúdio teológico à acusação de deicida não apenas confirma os ensinamento do Vaticano II, mas rejeita a culpa coletiva dos judeus para uma nova geração de católicos", declarou Elan Steinberg, vice-presidente da Associação americana dos Sobreviventes do Holocausto e de seus Descendentes.
A obra de Bento XVI será apresentada à imprensa no dia 10 de março. Será lançada simultaneamente em sete línguas: alemão - língua materna do papa -, italiano, inglês, espanhol, francês, português e polonês, precisou o Vaticano.
O primeiro volume, sobre o período que vai do batismo no Jordão à transfiguração, foi colocado à venda na Itália em 16 de abril de 2007, data do 80º aniversário de Bento XVI, com grande sucesso.
Foram mais de 50.000 livros vendidos no primeiro dia de lançamento, com duas tiragens de de 420.000 exemplares.
Joseph Ratzinger começou a redigir a obra quando ainda era cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, órgão do Vaticano encarregado de zelar pelo dogma católico.


Fonte: Equipe Click 21 com AFP

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