Samuel Celestino
Para compor o seu ministério do primeiro governo, Lula foi levado a aumentar o número das pastas, de sorte a acomodar seus aliados e a gula dos partidos políticos ávidos para apresentarem apadrinhados para experimentar o mel da Republica. Chegou a 37, número absurdo. Dilma Rousseff, com dificuldades, concluiu a sua complexa escultura do governo. A cada nome indicado uma festa e muitas críticas, e assim foi até dar ontem, o mosaico por concluído.
Como se trata de governo de continuísmo, ela levou a vantagem de manter quase um terço dos ministros do Luis Inácio. O que pode parecer ruim, por não inovar, na verdade tem sido entendida por cientistas políticos como um fato positivo. Afinal, ela já os conhece, sabe que tipo de rendimento podem ter e, melhor, conta com a experiência dos que permanecem. A interrogação está entre os novos.
É fato que, num sistema político torto, superado, envelhecido, com partidos invertebrados que não têm significado para uma democracia moderna (o que depõe contra a democracia que o Brasil vai levando) o jeito mesmo é ceder aqui e ali e, dessa forma, a futura presidente engoliu seus muitos sapos, como de resto é tradição nesses trópicos.
Com tal estrutura federalista-republicana, não há forma a inventar. É necessário ceder, ou as dificuldades para o governo serão terríveis em relação ao Congresso Nacional. Daí os mimos para os Sarneys e os Calheiros da vida, raposas que envelhecem, mas continuam com a sede de anteontem, quando São Luis e Maceió eram quase espaços rurais, e não urbanos. Melhor arrumar como ela o fez e, com o tempo, sair mudando à custa das crises que fatalmente surgirão, umas normais do poder, outras provocadas para facilitar as substituições.
Quem não seguiu esta regra, o impulsivo Fernando Collor, pagou o preço que acabou na história: foi apeado do poder por impeachment. Assim, acabou. O ministério está escalado. Não há estrelas, mas, se querem saber, as estrelas às vezes são errantes. Não as que mudam de lugar. As que erram mesmo.
MÁXIMA CULPA-I
Reconheço minha culpa, minha máxima culpa!
Estranhei que José Sarney tenha, entre as suas indicações para o ministério, apresentado um integrante do baixo clero, eleito pelo Maranhão, Pedro Novais, do PMDB da sua província e feudo. Havia justos motivos para estranhar. Novais vai ocupar o ministério de Turismo, mas o que me causou dúvida é que a pasta pressupõe a exigência de muita energia para viajar, e que não me parecia um deputado com 80 anos nos costados tivesse.
Qual o quê! Nordestino acostumado a tomar umbuzada com leite desde menino, vazou que o parlamentar octogenário apresentou em junho deste bendito ano que se finda uma nota fiscal para receber um ressarcimento na Câmara dos deputados de R$2.156. Foi um gastozinho besta, feito em estripulias por ele praticadas no Motel Caribe, numa suíte – a mais cara- batizada como “Bahamas”, nos arredores de São Luis.
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MÁXIMA CULPA-II
A Câmara, por entender o gasto com “atividade parlamentar” ressarciu. Pedro Novais admitiu que “errou”. Errou nada, digno parlamentar sertanejo! Você merece o ministério com tamanha energia e mais uma estátua enaltecendo o vigor do homem do Nordeste que deveria ser posto à frente do Motel Caribe. Não importa que haja incluída na nota – se é que houve, e acho que não - umas azuizinhas.
O importante é que está lá, na nota fiscal, a prova irrefutável da sua capacidade para correr mundo de modo a divulgar o turismo e fazer estripulias extras. Sarney, que o indicou, marca ponto. Será, Sarney? De resto, o fato de a Câmara dos deputados indenizar atividades sexuais é coisa boba. Problema é que pode não pegar bem para um ministro. Afinal, com 80 nos costados, ainda pedir a grana de volta às custas da viúva é, de fato, “chuetar.” Ou não?
NEGROMONTE
O mais importante ministro baiano, indicado pelo PP, Mário Negromonte, comandará a pasta das Cidades, uma das mais importantes do conjunto que compõe o primeiro escalão da República. Disse-me que está afinado com o governador Jaques Wagner, com quem pretende estar próximo, e que a sua conversa com Dilma Rousseff foi marcada pela elegância e elevação.
Mário Negromonte será ministro da República, mas estará atento às questões da Bahia. Promete especial atenção ao ferrorama municipal, - o metrozinho de seis quilômetros - e para a mobilidade urbana de Salvador, cujo trânsito está à beira de um colapso. Como é um ministério amplo, a Bahia ficou bem com Cidades, até porque necessita diante de imensos problemas que tem a resolver, principalmente na Capital.
No primeiro mês, janeiro, o deputado será substituído na Câmara pelo suplente Jairo Carneiro. A partir da posse, em fevereiro, há dúvidas: se o mandato pertencer ao partido, o PP, seu suplente será José Carlos da Pesca. Se pertencer à coligação, a Arcelino Popó de Freitas.
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