Com o final do seu mandato logo ali na esquina, Luiz Inácio Lula da Silva fará falta. Ele, por temperamento, não é um condescendente, mas sim um provocador e uma máquina de falar como “nunca antes visto na história deste País”.
Esse é um dos problemas que terá a partir do dia 2: o silêncio e como lidar com ele. Ninguém espere que ele deixe a cena porque a entende como sua, na condição de político e, como disse, de “chefe de partido”.
Seguramente, os jornalistas terão dele saudade por ser uma fábrica de informação e por gerar comentários e estabelecer o contraditório.
É do tipo facilitador da mídia, mesmo que seja econômico nas palavras, o que é raríssimo. Dificilmente consegue.
Como presidente, Luís Inácio foi (e ainda é) um nômade.
Nunca foi de parar no Palácio do Planalto, realizar despachos normais, enfim, usar seu gabinete para trabalho burocrático. Sua ação tem uma curiosa característica: é itinerante por natureza.
Talvez, no início do governo Dilma, ele possa, com muito esforço, guardar o luto do poder que se esvaiu depois dos dois mandatos que deixaram marcas positivas.
Ele não conseguirá se deixar esquecer porque não é de fechar a boca e de não dizer palavra. Não é do seu perfil, embora, claro, possa surpreender.
Para obter o direito de ser loquaz, disputou seguidas eleições, até ganhar e dobrar o mandato. Não sem antes ficar em dúvida sobre o seu êxito diante do escândalo do mensalão que poderia lhe tirar o poder.
Quem o segurou foi a própria oposição, que o apertou o quanto pode, mas, sabiamente, não insistiu além do limite permitido para evitar que houvesse quebra institucional.
Se houvesse insistência no cerco, o Congresso poderia recorrer ao impeachment, o que seria um desastre, já que o instituto havia sido utilizado de forma apropriada para apear Collor do poder e fazê-lo vagar à sombra da política brasileira, sombra onde ainda se encontra, embora sendo um senador. Sem, no entanto, o menor brilho e desprovido de prestígio e do respeito da história.
Ao dobrar o seu mandato, o presidente colheu o que plantou antes, dando sequência aos mandatos anteriores de FHC, rotulados de “herança maldita”. O rótulo pegou, principalmente porque a oposição se omitiu por completo e até aceitou, de tal sorte que o tucanato abandonou Fernando Henrique nas campanhas eleitorais. Deixou-o à margem, esquecendo que foi a partir dele que foi possível o PSDB chegar ao poder.
Lula tocou seu bonde desviando-se de escândalos patrocinados pelos petistas. Alguns foram desprezados, outros, não. De aloprados e outros adjetivos o presidente bateu à direita e à esquerda e continuou seu caminho, sempre falando e falando. Nesse processo Lula cresceu. Seu prestigio disparou e terminou derramando agora no final de mandato, ao marcar o extraordinário índice de 87%.
Quem chega a esse patamar não recebeu nada de graça.
É resultado de uma ação, de um estilo personalíssimo marcado pela sua característica de andarilho, no Brasil e no exterior. Lá fora poderia ter se saído até melhor, porque chegou ao patamar de lançamento para este reconhecimento, ao ser eleito homem do ano por publicações importantes, especialmente da Espanha e da Inglaterra. É nome internacional e até se transformou em “o cara” de Obama. Deslizou, porém, ao dar atenção mais do que deveria e longe do que merecem o Irã e a Venezuela, países que desrespeitam os direitos humanos, assim como deixou passar em branco, em viagem à Cuba, a morte de um preso político em greve de fome.
Ausência Agora, emerge a realidade da ausência do poder e não adianta que peça aos brasileiros para esquecer o que fará enquanto estiver na planície.
É impossível. O estilo Dilma até aqui continua um enigma. É fácil concluir que dificilmente será uma boa interlocutora política. Mais: não é detentora de carisma e, assim, será difícil que desperte a atenção da mídia. Até porque, diferentemente de Lula, ela não demonstra talento para gerar fatos.
O presidente se queixa da imprensa, mas todos os governantes têmas mesmas reclamações.
É natural. Acrítica não agrada, mas governante nenhum consegue viver sem as luzes do palco, os holofotes da imprensa. E das críticas inevitáveis. Estabelece-se assim um processo de amor e ódio. Como em quase todos os relacionamentos humanos. É o que se observa com o presidente que caminha para deixar o poder. Critica a liberdade de imprensa, arranca reações (absolutamente necessárias) dos defensores do direito democrático de informar, se expressar e opinar.
De repente, muda de disco e passa a elogiar. É uma espécie de movimento pendular.
Ele, Lula, sabe, porém, que é assim que se constroem fatos, geram-se manchetes, e depois muda a biruta conforme o vento. É. Luis Inácio Lula da Silva vai deixar um espaço vazio neste País.
Esse é um dos problemas que terá a partir do dia 2: o silêncio e como lidar com ele. Ninguém espere que ele deixe a cena porque a entende como sua, na condição de político e, como disse, de “chefe de partido”.
Seguramente, os jornalistas terão dele saudade por ser uma fábrica de informação e por gerar comentários e estabelecer o contraditório.
É do tipo facilitador da mídia, mesmo que seja econômico nas palavras, o que é raríssimo. Dificilmente consegue.
Como presidente, Luís Inácio foi (e ainda é) um nômade.
Nunca foi de parar no Palácio do Planalto, realizar despachos normais, enfim, usar seu gabinete para trabalho burocrático. Sua ação tem uma curiosa característica: é itinerante por natureza.
Talvez, no início do governo Dilma, ele possa, com muito esforço, guardar o luto do poder que se esvaiu depois dos dois mandatos que deixaram marcas positivas.
Ele não conseguirá se deixar esquecer porque não é de fechar a boca e de não dizer palavra. Não é do seu perfil, embora, claro, possa surpreender.
Para obter o direito de ser loquaz, disputou seguidas eleições, até ganhar e dobrar o mandato. Não sem antes ficar em dúvida sobre o seu êxito diante do escândalo do mensalão que poderia lhe tirar o poder.
Quem o segurou foi a própria oposição, que o apertou o quanto pode, mas, sabiamente, não insistiu além do limite permitido para evitar que houvesse quebra institucional.
Se houvesse insistência no cerco, o Congresso poderia recorrer ao impeachment, o que seria um desastre, já que o instituto havia sido utilizado de forma apropriada para apear Collor do poder e fazê-lo vagar à sombra da política brasileira, sombra onde ainda se encontra, embora sendo um senador. Sem, no entanto, o menor brilho e desprovido de prestígio e do respeito da história.
Ao dobrar o seu mandato, o presidente colheu o que plantou antes, dando sequência aos mandatos anteriores de FHC, rotulados de “herança maldita”. O rótulo pegou, principalmente porque a oposição se omitiu por completo e até aceitou, de tal sorte que o tucanato abandonou Fernando Henrique nas campanhas eleitorais. Deixou-o à margem, esquecendo que foi a partir dele que foi possível o PSDB chegar ao poder.
Lula tocou seu bonde desviando-se de escândalos patrocinados pelos petistas. Alguns foram desprezados, outros, não. De aloprados e outros adjetivos o presidente bateu à direita e à esquerda e continuou seu caminho, sempre falando e falando. Nesse processo Lula cresceu. Seu prestigio disparou e terminou derramando agora no final de mandato, ao marcar o extraordinário índice de 87%.
Quem chega a esse patamar não recebeu nada de graça.
É resultado de uma ação, de um estilo personalíssimo marcado pela sua característica de andarilho, no Brasil e no exterior. Lá fora poderia ter se saído até melhor, porque chegou ao patamar de lançamento para este reconhecimento, ao ser eleito homem do ano por publicações importantes, especialmente da Espanha e da Inglaterra. É nome internacional e até se transformou em “o cara” de Obama. Deslizou, porém, ao dar atenção mais do que deveria e longe do que merecem o Irã e a Venezuela, países que desrespeitam os direitos humanos, assim como deixou passar em branco, em viagem à Cuba, a morte de um preso político em greve de fome.
Ausência Agora, emerge a realidade da ausência do poder e não adianta que peça aos brasileiros para esquecer o que fará enquanto estiver na planície.
É impossível. O estilo Dilma até aqui continua um enigma. É fácil concluir que dificilmente será uma boa interlocutora política. Mais: não é detentora de carisma e, assim, será difícil que desperte a atenção da mídia. Até porque, diferentemente de Lula, ela não demonstra talento para gerar fatos.
O presidente se queixa da imprensa, mas todos os governantes têmas mesmas reclamações.
É natural. Acrítica não agrada, mas governante nenhum consegue viver sem as luzes do palco, os holofotes da imprensa. E das críticas inevitáveis. Estabelece-se assim um processo de amor e ódio. Como em quase todos os relacionamentos humanos. É o que se observa com o presidente que caminha para deixar o poder. Critica a liberdade de imprensa, arranca reações (absolutamente necessárias) dos defensores do direito democrático de informar, se expressar e opinar.
De repente, muda de disco e passa a elogiar. É uma espécie de movimento pendular.
Ele, Lula, sabe, porém, que é assim que se constroem fatos, geram-se manchetes, e depois muda a biruta conforme o vento. É. Luis Inácio Lula da Silva vai deixar um espaço vazio neste País.
Ele não se deixará esquecer porque não é de fechar a boca e de não dizer palavra. SAMUEL CELESTINO (http://www.bahianoticias.com.br)
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