> TABOCAS NOTICIAS : NOVIDADE>>>UM FANTASMA NO PLANALTO

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

NOVIDADE>>>UM FANTASMA NO PLANALTO

Samuel Celestino Jornalista 
scelestino@grupoatarde.com.br
Quem foi que disse que o presidente Lula, às vésperas de voltar à planície, iria se conformar em abandonar o poder assim tão fácil? Ele, somente ele assim pensou – e anunciou –, mas pelo visto logo se arrependeu. Lula já pensa em voltar. Ao confessar sua pretensão num programa de tevê que varou a madrugada desta segunda, projetou, antes que o mandato se inicie, sombras sobre Dilma. Lula é o que os políticos chamam de “biruta de aeroporto”. É “encegueirado” pelo poder. Muda de posição conforme o vento.
 
Há 15 dias, disse que se quisesse voltar em 2014, não teria feito tamanho esforço para ganhar. Porque seria melhor perder. Um raciocínio dúbio que não embute, porém, nenhuma surpresa. Quem aparece com 87% de aprovação pessoal seria desvairado se, com tamanha ação e amor desatado pelo poder, não pensasse em voltar. Mais: torcer para o tempo voar de modo que possa chegar o momento em que baterá no ombro de Dilma e dirá: “Companheira, está chegando ao fim. Devolva o que é meu”. Para dizer não, a futura presidente teria que com ele romper. Há quem diga que são favas contadas.

Em política, isso é mais do que comum: é quase regra. Aqui na Bahia, por exemplo, o amor que ornamentava a aliança entre Wagner e Geddel Vieira Lima começou a se diluir cedo e acabou, senão em inimizade total, numa separação rumorosa com lances fortes e dramáticos.

Eles preferem se declarar “adversários”. Pode ser. Mas a confiança entre os dois há mais de dois anos desceu à sepultura no jardim das saudades políticas. Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que poderá ser candidato novamente ao Palácio do Planalto e o fez no programa “É Notícia”, da RedeTV!.

Lula assim respondeu à pergunta: “Não posso dizer que não porque sou vivo. Sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária”. Em ressalva, um mimo: “Vamos trabalhar para a Dilma fazer um bom governo e, quando chegar a hora certa,a gente vê o que vai acontecer”. O que vai acontecer, há pouca dúvida. É aquela imagem feita acima de tocar carinhosamente no ombro da Dilma e largar o “Companheira, sai que o lugar é meu!” Foi uma entrevista em que Luiz Inácio abriu o leque sobre personalidades. Professor, apontou erros nas ações de Obama, falou sobre os problemas com Dirceu e Palocci no seu governo, ambos defenestrados.

Mas o que valeu mesmo foi a bela declaração que, para Dilma, soa como presença da sombra de um bicho-papão: “A gente nunca pode dizer não. Eu fico até com medo, amanhã alguém vai assistir à tua entrevista, e dizer que Lula diz que pode ser candidato. Eu não posso dizer que não porque eu sou vivo, sou presidente de honra de um partido, sou um político nato, construí uma relação política extraordinária”.

Não ficou em Dilma somente, e nele como possível candidato. Lembrou nomes como os de Wagner, Eduardo Campos, governador de Pernambuco, Sérgio Cabral, do Rio, Aécio Neves, do PSDB, José Serra e por aí foi. Muitos nomes, muito verniz. Puro verniz.Lula é Lula, depois Lula e, se quiseram, na sequência mais Lula, repetidamente Lula até o infinito. É isso. A vida assim é e assim será. Na entrevista, o presidente apenas lançou uma sombra de um fantasma sobre o Palácio do Planalto. A dele.

Egolatria mais pura I O presidente Lula – que gasta R$ 25 milhões da viúva nos eventos da sua despedida –, provavelmente retornará à Bahia para sua última visita no dia 29. Gostou dos elogios recebidos há 15 dias em Ilhéus e cometeu outros equívocos, como dizer (já me referi a este assunto) que “precisouvimum“ Galego” do Rio de Janeiro para derrotar a oligarquia de ACM”, esquecido dos elogios que tem feito à oligarquia de Sarney, província feudo da política e dos negócios da família Sarney, sob o comando do patriarca.

Lula tem, com a popularidade pessoal que assoma (“como nunca antes visto na história deste País”) razões para levitar. Ele anda a, pelo menos, dois metros acima do solo. A pura leveza de um ser.

Também pudera. Aqui, também em Ilhéus, Jaques Wagner devolveu com um tamanho de um elogio que quase passa despercebida da imprensa brasileira, no que pese absurdo. Foi anotada devidamente pela mídia. Lembrou se do slogan (de campanha) de Juscelino – “50 anos em cinco”– e atacou como slogan de despedida de Lula –“80 anos em oito”. Também siderou, levitou dois palmos neste país pirado, que incendeia a egolatria de Lula.

Egolatria mais pura II Pois se não bastassem os elogios desmesurados que recebe, o presidente resolveu se cobrir de glória – hosanas! Hosanas para um homem candidato a ser beato brasileiro! Resolveu dizer o que um amigo meu, jornalista, gozativamente, costumava a enaltecer a si próprio. Dizia: “Quando quero ler um bom livro, eu mesmo escrevo”. Lula, no píncaro da exacerbação da sua vaidade e egolatria, disse empavonado que Dilma Rousseff é uma mulher de muita sorte. Não é porque ela foi gerada por ele e virou presidente, prestes a tomar posse.

É porque, como disse, “tem a sorte de eu ser o seu antecessor”.

Extraordinário Lula! Infeliz Dilma Rousseff! A futura presidente ficará impedida de se beatificar (dois seguidos não dá), de falar sobre “herança maldita”, frase que os petistas áulicos da freudiana idolatria do mito narciso, espalharam, republicanamente, no mais deslavado puxasaquismo jamais antes visto neste País. Toca o bonde.
Lula é Lula, depois Lula e, se quiseram, na sequência, mais Lula (...). Na entrevista, o presidente lançou uma sombra de um fantasma sobre o Palácio do Planalto. A dele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário