Camila Campanerut
Do UOL Notícias
Em Brasília
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, João Almeida (BA), chamou nesta quinta-feira (9) o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) de uma “fantasia” e uma “mentira” do governo federal que faz uso de um "conjunto de obras" estruturantes de forma eleitoreira.Do UOL Notícias
Em Brasília
“No PAC, o que questionamos é o caráter eleitoreiro que ele teve. É uma fantasia, uma mentira. O PAC foi uma montagem de programas existentes que eles botaram uma roupagem. Não são programas articulando ações de governo. É tão frágil que antes de concluir as obras do PAC 1, aí lança o PAC 2”, disse o parlamentar após reunião com a bancada tucana em um hotel em Brasília.
Mais cedo, a coordenadora do PAC e futura ministra do Planejamento, Miriam Belchior apresentou um balanço de quatro anos do programa, mostrando que ainda falta a conclusão de 38% das ações.
Para Almeida, obras como o trem bala indicam “falta de prioridades” nos investimentos do PAC. “Trem-bala é uma fantasia que o governo cria e bota na cabeça das pessoas de que é um grande país, de que vai ter trem bala. Nós precisamos mesmo é de metrô em quase todas as grandes capitais”, afirmou.
Governo Dilma
O líder tucano avaliou com ironia a montagem ministerial do governo da presidente eleita, Dilma Rousseff, pela influência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas escolhas.“A sensação que eu tenho é de que qualquer hora a dona Dilma vai confirmar o Lula”, ironizou. “Esse ministério tem característica do primeiro ministério de Sarney, que foi herdado. Tancredo tinha montado, morreu e o Sarney achou que tinha que manter. Mas a regência de Tancredo era uma e de Sarney era outra. Tem que fazer ministério que você vai reger. Daquela vez foi um desastre”, afirmou.
Disputa no Congresso
O líder tucano criticou também a disputa entre parlamentares petistas e peemedebistas pela presidência da Casa na próxima legislatura, o que, segundo ele, pode gerar o enfraquecimento da autonomia do Legislativo frente ao Executivo.“O PT de um lado, o PMDB no outro. Toda vez que abrimos a disputa, se enfraquece o Legislativo e é um motivo pro Executivo entrar e dar as cartas”, argumentou.
Almeida defende que se cumpra a orientação do regimento interno da Casa no qual o partido ou o bloco com maior número de representantes presidirá a Câmara.
Novos rumos
A reunião do PSDB, segundo o deputado, teve finalidade de estabelecer metas e alinhamento sobre a atuação da legenda nos próximos quatro anos. “Oposição não se expressa pelo número, se expressa pela qualidade”, disse Almeida. “O importante é exercer o seu papel de fazer o contraponto e, sobretudo, fiscalizar as ações do governo.”Na Câmara, o PSDB é a terceira maior bancada com 53 deputados, antecedida pelo PMDB (79) e PT (88). Com relação aos eleitos em 2006, a bancada tucana conta cinco deputados a menos.
“Também foi verificada a necessidade de uma organização nova para a tomada de decisão, respeitando mais as instâncias partidárias e respeitando mais o calendário de atividades do partido”, disse Almeida.
Relação com o DEM
Ontem, os parlamentares do DEM se reuniram no Congresso e avisaram que entre as propostas de “revitalização” do partido está a postura de deixar de “ser apêndice do PSDB”.O líder dos tucanos na Câmara discorda que a relação com o DEM seja de dependência, mas reconhece que os democratas pretendem nas próximas eleições presidenciais ter candidatura própria.
E sobre as críticas do presidente do DEM, Rodrigo Maia, ao candidato derrotado José Serra, Almeida contemporizou. “Nós precisamos tratar de outra agenda. A agenda da eleição já está resolvida. A agenda agora não é eleição. É a reestruturação dos partidos.”
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